Citações sobre Jerusalém

4 resultados
Frases sobre jerusalém, poemas sobre jerusalém e outras citações sobre jerusalém para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Morena

Não negues, confessa
Que tens certa pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena.

Pois eu não gostava,
Parece-me a mim,
De ver o teu rosto
Da cor do jasmim.

Eu não… mas enfim
É fraca a razão,
Pois pouco te importa
Que eu goste ou que não.

Mas olha as violetas
Que, sendo umas pretas,
O cheiro que têm!
Vê lá que seria,
Se Deus as fizesse
Morenas também!

Tu és a mais rara
De todas as rosas;
E as coisas mais raras
São mais preciosas.

Há rosas dobradas
E há-as singelas;
Mas são todas elas
Azuis, amarelas,
De cor de açucenas,
De muita outra cor;
Mas rosas morenas,
Só tu, linda flor.

E olha que foram
Morenas e bem
As moças mais lindas
De Jerusalém.
E a Virgem Maria
Não sei… mas seria
Morena também.

Moreno era Cristo.
Vê lá depois disto
Se ainda tens pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena!

Continue lendo…

A Paisagem Faz a Raça

A paisagem faz a raça. A Holanda é uma terra pacífica e serena, porque a sua paisagem é larga, plana e abundante. A paisagem que fez o grego, era o mar, reluzente e infinito, o céu, sereno, transparente, doce, e destacando-se sob aquela imobilidade azul, um templo branco, puro, augusto, rítmico, entre a sombra que faz um grupo de oliveiras. A paisagem do romano é toda jurídica: as terras ásperas, a perder de vista, separadas por marcos de tijolo; uma grande charrua puxada por búfalos, vai passando entre os trigos; uma larga estrada lajeada, eterna, sobre a qual rolam as duas altas rodas maciças dum carro sabino; uma casa coberta de vinha branqueja ao longe, na planície. Não importa a cor do céu: o romano não olha para o céu. A raça anglo-saxónica tira a sua tenebrosa mitologia, o seu espírito inquieto, da sua paisagem escura, acidentada, desolada e romântica. É o estreito e árido aspecto do vale de Jerusalém que fez o judeu.

Saudade

Aqui outrora retumbaram hinos;
Muito coche real nestas calçadas
E nestas praças, hoje abandonadas,
Rodou por entre os ouropéis mais finos…

Arcos de flores, fachos purpurinos,
Trons festivais, bandeiras desfraldadas,
Girândolas, clarins, atropeladas
Legiões de povo, bimbalhar de sinos…

Tudo passou! Mas dessas arcarias
Negras, e desses torreões medonhos,
Alguém se assenta sobre as lájeas frias;

E em torno os olhos úmidos, tristonhos,
Espraia, e chora, como Jeremias,
Sobre a Jerusalém de tantos sonhos!…

VI

P. Sião que dorme ao luar. Vozes diletas
Modulam salmos de visões contritas…
E a sombra sacrossanta dos Profetas
Melancoliza o canto dos levitas.

As torres brancas, terminando em setas,
Onde velam, nas noites infinitas,
Mil guerreiros sombrios como ascetas,
Erguem ao Céu as cúpulas benditas.

As virgens de Israel as negras comas
Aromatizam com os ungüentos brancos
dos nigromantes de mortais aromas…

Jerusalém, em meio às Doze Portas,
Dorme: e o luar que lhe vem beijar os flancos
Evoca ruínas de cidades mortas.