Sonetos sobre Amigos de Auta de Souza

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Never More

A uma falsa amiga

I

NĂŁo te perdĂ´o, nĂŁo, meu tristes olhos
NĂŁo mais hei de fitar nos teus, sorrindo:
Jamais minh’alma sobre um mar de escolhos
Há de chamar por ti no anseio infindo.

Jamais, jamais, nos delicados folhos
Do coração como n’um ramo lindo,
Há de cantar teu nome entre os abrolhos
A ária gentil de meu sonhar já findo.

NĂŁo te perdĂ´o, nĂŁo! E em tardes claras,
Cheias de sonhos e delĂ­cias raras,
Quando eu passar Ă  hora do Sol posto:

NĂŁo rias para mim que sofro e penso,
Deixa-me sĂł neste deserto imenso…
Ah! se eu pudesse nunca ver teu rosto!

Ao PĂ© Do TĂşmulo

Aos meus

Eis o descanso eterno, o doce abrigo
Das almas tristes e despedaçadas;
Eis o repouso, enfim; e o sono amigo
Já vem cerrar-me as pálpebras cansadas.

Amarguras da terra! eu me desligo
Para sempre de vĂłs… Almas amadas
Que soluças por mim, eu vos bendigo,
Ă“ almas de minh’alma abençoadas.

Quando eu d’aqui me for, anjos da guarda,
Quando vier a morte que nĂŁo tarda
Roubar-me a vida para nunca mais…

Em pranto escrevam sobre a minha lousa:
“Longe da mágoa, enfim, no cĂ©u repousa
Quem sofreu muito e quem amou demais”.

Página Triste

Há muita dor por este mundo a fora
Muita lágrima à toa derramada;
Muito pranto de mĂŁe angustiada
Que vem saudar o despontar da aurora!

Alma inocente sĂł de amor cercada
A criancinha a soluçar descora,
Talvez no berço onde o menino chora
Também, oh Dor, tu queiras, desolada,

Erguer um trono, procurar guarida…
Foge do berço! Não magoes a vida
D’esta ave implume, lirial botĂŁo…

Queres um ninho, um carinhoso abrigo?
Pois bem! Procura-o neste seio amigo,
Dentro em minh’alma, aqui no coração!