Poemas sobre Anjos de Almeida Garrett

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Poemas de anjos de Almeida Garrett. Leia este e outros poemas de Almeida Garrett em Poetris.

Ai, Helena!

Ai, Helena!, de amante e de esposo
Já o nome te faz suspirar,
Já tua alma singela pressente
Esse fogo de amor delicioso
Que primeiro nos faz palpitar! …
Oh!, não vás, donzelinha inocente,
Não te vás a esse engano entregar:
E amor que te ilude e te mente,
É amor que te há-de matar!
Quando o Sol nestes montes desertos
Deixa a luz derradeira apagar,
Com as trevas da noite que espanta
VĂŞm os anjos do Inferno encobertos
A sua vĂ­tima incauta afagar.
Doce Ă© a voz que adormece e quebranta,
Mas a mĂŁo do traidor …faz gelar.
Treme, foge do amor que te encanta,
É amor que te há-de matar.

Preito

É lei do tempo, Senhora,
Que ninguém domine agora
E todos queiram reinar.
Quanto vale nesta hora
Um vassalo bem sujeito,
Leal de homenage e preito
E fácil de governar?

Pois o tal sou eu, Senhora:
E aqui juro e firmo agora
Que a um despĂłtico reinar
Me rendo todo nesta hora,
Que a liberdade sujeito…
NĂŁo a reis! – outro Ă© meu preito:
Anjos me hĂŁo-de governar.

Perfume da Rosa

Quem bebe, rosa, o perfume
Que de teu seio respira?
Um anjo, um silfo? ou que nume
Com esse aroma delira?

Qual Ă© o deus que, namorado,
De seu trono te ajoelha,
E esse néctar encantado
Bebe oculto, humilde abelha?

– NinguĂ©m? – Mentiste: essa frente
Em languidez inclinada,
Quem ta pĂ´s assim pendente?
Dize, rosa namorada.

E a cor de pĂşrpura viva
Como assim te desmaiou?
e essa palidez lasciva
Nas folhas quem ta pintou?

Os espinhos que tĂŁo duros
Tinhas na rama lustrosa,
Com que magos esconjuros
Tos desarmam, Ăł rosa?

E porquê, na hástea sentida
Tremes tanto ao pĂ´r do sol?
Porque escutas tĂŁo rendida
O canto do rouxinol?

Que eu nĂŁo ouvi um suspiro
Sussurrar-te na folhagem?
Nas águas desse retiro
NĂŁo espreitei a tua imagem?

NĂŁo a vi aflita, ansiada…
– Era de prazer ou dor? –
Mentiste, rosa, Ă©s amada,
E também tu amas, flor.

Mas ai! se nĂŁo for um nume
O que em teu seio delira,

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Adeus!

Adeus! para sempre adeus!
Vai-te, oh! vai-te, que nesta hora
Sinto a justiça dos céus
Esmagar-me a alma que chora.
Choro porque nĂŁo te amei,
Choro o amor que me tiveste;
O que eu perco, bem no sei,
Mas tu… tu nada perdeste;
Que este mau coração meu
Nos secretos escaninhos
Tem venenos tĂŁo daninhos
Que o seu poder sĂł sei eu.

Oh! vai… para sempre adeus!
Vai, que há justiça nos céus.
Sinto gerar na peçonha
Do ulcerado coração
Essa vĂ­bora medonha
Que por seu fatal condĂŁo
Há-de rasgá-lo ao nascer:
Há-de sim, serás vingada,
E o meu castigo há-de ser
CiĂşme de ver-te amada,
Remorso de te perder.

Vai-te, oh! vai-te, longe, embora,
Que sou eu capaz agora
De te amar – Ai! se eu te amasse!
Vê se no árido pragal
Deste peito se ateasse
De amor o incĂŞndio fatal!
Mais negro e feio no inferno
NĂŁo chameia o fogo eterno.
Que sim? Que antes isso? – Ai, triste!
NĂŁo sabes o que pediste.

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Anjo És

Anjo Ă©s tu, que esse poder
Jamais o teve mulher,
Jamais o há-de ter em mim.
Anjo Ă©s, que me domina
Teu ser o meu ser sem fim;
Minha razĂŁo insolente
Ao teu capricho se inclina,
E minha alma forte, ardente,
Que nenhum jugo respeita,
Covardemente sujeita
Anda humilde a teu poder.
Anjo Ă©s tu, nĂŁo Ă©s mulher.

Anjo Ă©s. Mas que anjo Ă©s tu?
Em tua fronte anuviada
NĂŁo vejo a c’roa nevada
Das alvas rosas do céu.
Em teu seio ardente e nu
Não vejo ondear o véu
Com que o sĂ´frego pudor
Vela os mistĂ©rios d’amor.
Teus olhos tĂŞm negra a cor,
Cor de noite sem estrela;
A chama Ă© vivaz e Ă© bela,
Mas luz nĂŁo tĂŞm. – Que anjo Ă©s tu?
Em nome de quem vieste?
Paz ou guerra me trouxeste
De Jeová ou Belzebu?

NĂŁo respondes – e em teus braços
Com frenéticos abraços
Me tens apertado, estreito!…
Isto que me cai no peito
Que foi?… – Lágrima? – Escaldou-me…
Queima,

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