Escola
O que significa o rio,
a pedra, os lábios da terra
que murmuram, de manhã,
o acordar da respiração?O que significa a medida
das margens, a cor que
desaparece das folhas no
lodo de um charco?O dourado dos ramos na
estação seca, as gotas
de água na ponta dos
cabelos, os muros de hera?A linha envolve os objectos
com a nitidez abstracta
dos dedos; traça o sentido
que a memória não guardou;e um fio de versos e verbos
canta, no fundo do pátio,
no coro de arbustos que
o vento confunde com crianças.A chave das coisas está
no equívoco da idade,
na sombria abóbada dos meses,
no rosto cego das nuvens.
Poemas sobre Cegos de Nuno Júdice
2 resultadosO Amor, um Dever de Passagem
Fui envenenado pela dor obscura do Futuro.
Eu sabia já que algo se preparava contra o meu corpo.
Agora torço-me de agonia
nos versos deste poema.
Esta é a terra outrora fértil que os meus dedos dilaceram.
Os meus lábios são feitos desta terra,
são lama quente.
Vou partir pelo teu rosto para mais longe.
A minha fome é ter-te olhado
e estar cego. Agora eu sei que te abres para o fogo
do relâmpago.
Tenho a convicção dos temporais.
já não sei nem o que digo nem o que isso importa. Guia
dos meus cabelos rasos, da melancolia,
da vida efémera dos gestos.
Nesse dia fui melhor actor do que a minha sinceridade.A cesura enerva-me no estômago
Cortei de manhã as pontas dos dedos mas sei já que
elas crescerão de novo a proteger as unhas.
Talvez a vida seja estranha,
talvez a vida seja simples,
talvez a vida seja outra vida.
A linha branca da Beleza é a minha atitude que se transforma.A violência do sono sobe
sobre o meu conhecimento.