Passagens sobre ViolĂȘncia

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O militarismo Ă© uma espĂ©cie de nĂłdoa nas grandes realizaçÔes da civilização moderna. HeroĂ­smo encomendado, violĂȘncia regulamentada, patriotismo arrogante tornam vil e abominĂĄvel qualquer guerra de agressĂŁo. Por minha parte preferia ser fuzilado a tomar parte numa luta desse tipo.

Ode à Criança

A criança Ă© criativa porque Ă© crescimento e se cria a si prĂłpria. É como um rei, porque impĂ”e ao mundo as suas ideias, os seus sentimentos e as suas fantasias. Ignora o mundo do acaso, prĂ©-elaborado, e constrĂłi o seu prĂłprio mundo de ideais. Tem uma sexualidade prĂłpria. Os adultos cometem um pecado bĂĄrbaro ao destruir a criatividade da criança pelo roubo do seu mundo, sufocando-a com um saber artificial e morto, e orientando-a no sentido de finalidades que lhe sĂŁo estranhas. A criança Ă© sem finalidade, cria brincando e crescendo suavemente; se nĂŁo for perturbada pela violĂȘncia, nĂŁo aceita nada que nĂŁo possa verdadeiramente assimilar; todo o objecto em que toca vive, a criança Ă© cosmos, mundo, vĂȘ as Ășltimas coisas, o absoluto, ainda que nĂŁo saiba dar-lhes expressĂŁo: mas mata-se a criança ensinando-a a ater-se a finalidades e agrilhoando-a a uma rotina vulgar a que, hipocritamente, se chama realidade.

A Chama da Vida e o Fogo das PaixÔes

Nem sempre estar apaixonado é bom. A maior parte das paixÔes tomam conta da vontade e assumem o controlo do sentir e do pensar. Prometem a maior das libertaçÔes, mas escravizam quem desiste de si mesmo e a elas se submete.

A paixĂŁo Ă© sofrimento, um furor que Ă© o oposto da paz e do contentamento. Um vazio fulminante capaz das maiores acrobacias para se satisfazer. Mas que, como nunca se sacia, acaba por se consumir, por se destruir a si mesmo. Para ter paz precisamos de fazer esta guerra, na conquista do mais exigente de todos os equilĂ­brios: entre a monotonia de nada arriscar e a imprudĂȘncia de entregar tudo sem uma vontade prĂłpria profunda. É essencial que saibamos desafiarmo-nos, por vezes, a um profundo desequilĂ­brio momentĂąneo. Afinal, quem nunca ousa estĂĄ perdido, para sempre.
Hå boas paixÔes. São as que trabalham como um fermento. De forma pacata, pacífica e paciente. Animam, mas não dominam. Orientam, mas não decidem. Iluminam, mas não cegam.

Quase ninguĂ©m faz ideia da capacidade que cada um de nĂłs tem para suportar e vencer grandes sofrimentos…

Por paixÔes comuns, hå quem perca a cabeça, o coração e a alma.

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ViolĂȘncia! ViolĂȘncia! Quem nĂŁo Ă© capaz de se opor Ă  violĂȘncia? O que chamamos de violĂȘncia nĂŁo Ă© nada; a sedução Ă© a verdadeira violĂȘncia.

O PrincĂ­pio Fundamental da Sociedade

Abster-se reciprocamente de ofensas, da violĂȘncia, da exploração, adaptar a sua prĂłpria vontade Ă  de outro: tal coisa pode, num certo sentido tosco, tornar-se bom costume entre indivĂ­duos, se existirem condiçÔes para tal (a saber, semelhança efectiva entre as suas quantidades de força e entre as suas escalas de valores e a homogeneidade dos mesmos dentro de um sĂł organismo). Logo que, porĂ©m, se quisesse alargar este princĂ­pio, concebendo-o atĂ© como prĂ­ncipio fundamental da sociedade, revelar-se-ia imediatamente como aquilo que Ă©: vontade de negação da vida, princĂ­pio de dissolução e de decadĂȘncia. Aqui Ă© preciso pensar-se bem profundamente e defender-se de toda a fraqueza sentimentalista: a prĂłpria vida Ă© essencialmente apropriação, ofensa, sujeição daquilo que Ă© estranho e mais fraco, opressĂŁo, dureza, imposição de formas prĂłprias, incorporação e pelo menos, na melhor das hipĂłteses, exploração, – mas para que empregar palavras a que, desde hĂĄ muito, se deu uma intenção difamadora?

TambĂ©m aquele organismo dentro do qual conforme acima se admitiu, os indivĂ­duos se tratam como iguais – e tal se dĂĄ em toda a aristocracia sĂŁ -, tem de fazer, no caso de ser um organismo vivo e nĂŁo moribundo, ao enfrentar outros organismos, tudo o que os indivĂ­duos dentro dele se abstĂȘm de fazer entre si: terĂĄ de ser a vontade de poder personificada,

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A Beleza da Tragédia

É frequente desencadearem-se as verdadeiras tragĂ©dias da vida de uma maneira tĂŁo pouco artĂ­stica que nos magoam com a sua crua violĂȘncia, a sua tremenda incoerĂȘncia, carecendo absolutamente de sentido, sem o mĂ­nimo estilo. Afectam-nos do mesmo modo que a vulgaridade. Causam-nos uma impressĂŁo de pura força bruta contra a qual nos revoltamos. Por vezes, porĂ©m, cruzamo-nos nas nossas vidas com uma tragĂ©dia repassada de elementos de beleza artĂ­stica. Se esses elementos estĂ©ticos sĂŁo autĂȘnticos, todo o episĂłdio apela Ă  nossa apreciação do efeito dramĂĄtico. De repente deixamos de ser actores e passamos a espectadores da peça. Ou antes, somos ambas as coisas. Observamo-nos, e todo o encanto do espectĂĄculo nos arrebata.

Muitas vezes, o chamado progresso pode ser uma violĂȘncia. Pode agir como uma agressĂŁo silenciosa contra sociedades inteiras e, sobretudo, contra os mais pobres dessa sociedade.

A violĂȘncia eo Ăłdio sĂŁo realmente um grito de amor. Aqueles que mostram seu Ăłdio, sĂŁo os que mais precisam de amor.

Toda reforma imposta pela violĂȘncia nĂŁo corrigirĂĄ em nada o mal: o bem nĂŁo necessita da violĂȘncia.

Vós, Crédulos Mortais, Alucinados

Vós, crédulos mortais, alucinados
de sonhos, de quimeras, de aparĂȘncias
colheis por uso erradas consequĂȘncias
dos acontecimentos desastrados.

Se à perdição correis precipitados
por cegas, por fogosas, impaciĂȘncias,
indo a cair, gritais que sĂŁo violĂȘncias
de inexoråveis céus, de negros fados.

Se um celeste poder tirano e duro
Ă s vezes extorquisse as liberdades,
que prestava, Ăł RazĂŁo, teu lume puro?

Não forçam coraçÔes as divindades,
fado amigo nĂŁo hĂĄ nem fado escuro:
fados são as paixÔes, são as vontades.

XII

Fatigado da calma se acolhia
Junto o rebanho Ă  sombra dos salgueiros;
E o sol, queimando os ĂĄsperos oiteiros,
Com violĂȘncia maior no campo ardia.

Sufocava se o vento, que gemia
Entre o verde matiz dos sovereiros;
E tanto ao gado, como aos pegureiros
Desmaiava o calor do intenso dia.

Nesta ardente estação, de fino amante
Dando mostras Daliso, atravessava
O campo todo em busca de Violante.

Seu descuido em seu fogo desculpava;
Que mal feria o sol tĂŁo penetrante,
Onde maior incĂȘndio a alma abrasava.

O que nĂłs hoje vemos numa literatura moderna e apressada Ă© uma multiplicação elevada Ă  sĂ©tima potĂȘncia por muitos autores oportunistas, em trabalhos repetitivos da violĂȘncia pela violĂȘncia e da pornografia pela pornografia, apenas por estar em moda e de ser de rentabilidade fĂĄcil.

Nunca Conheci quem Tivesse Levado Porrada

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos tĂȘm sido campeĂ”es em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes nĂŁo tenho tido paciĂȘncia para tomar banho,
Eu que tantas vezes tenho sido ridĂ­culo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando nĂŁo tenho calado, tenho sido mais ridĂ­culo ainda;
Eu, que tenho sido cĂłmico Ă s criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possiblidade do soco;
Eu que tenho sofrido a angĂșstia das pequenas coisas ridĂ­culas,
Eu que verifico que nĂŁo tenho par nisto neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo,
Nunca teve um acto ridĂ­culo, nunca sofreu um enxovalho,
Nunca foi senĂŁo princĂ­pe –

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O Peso Bruto da Irritação

Se fĂŽssemos contabilizar as paixĂ”es desta vida, os Ăłdios e os amores, os grandes sobressaltos, as comoçÔes, os transtornos, os arrebatamentos e os arroubos, os momentos de terror e de esperança, os ataques de ansiedade e de ternura, a violĂȘncia dos desejos, os acessos de saudade e as elevaçÔes religiosas e se as somĂĄssemos todas numa sĂł sensação, nĂŁo seria nada comparada com o peso bruto da irritação. Passamos mais tempo e gastamos mais coração a sermos irritados do que em qualquer outro estado de espĂ­rito.
Apaixonamo-nos uma vez na vida, odiamos duas, sofremos trĂȘs, mas somos irritados pelo menos vinte vezes por dia. Mais que o divĂłrcio, mais que o despedimento, mais que ser traĂ­do por um amigo, a irritação Ă© a principal causa de «stress» — e logo de mortalidade — da nossa existĂȘncia.
É a torneira que pinga e o colega que funga, a criança que bate com o garfinho no rebordo do prato, a empregada que se esquece sempre de comprar maionnaise, a namorada que nĂŁo enche o tabuleiro de gelo, o namorado que se esquece de tapar a pasta dentrĂ­fica, a nossa prĂłpria incompetĂȘncia ao tentar programar o vĂ­deo, o homem que mete um conto de gasolina e pede para verificar a pressĂŁo dos pneus,

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Triste Padeço

Aves que o ar discorrei,
No vĂŽo as asas batendo,
E por vossas penas conta
Às minhas meu sentimento.

Compadecidas ouvi
De minha dor os excessos,
Mas em dizer que Ă© saudade,
Digo o que posso dizer-vos.
Triste padeço, e ausente
Os golpes dos meus receios
Nas batalhas da distĂąncia,
Nos desafios do tempo.

Nas violĂȘncias, do que choro,
Dos alĂ­vios desespero,
Que nĂŁo adormece a queixa,
Quando a desperta o desvelo.

Esmoreceu a esperança
Nas dilaçÔes do desejo
Prognosticando a ruĂ­na
Frenético o pensamento.

Se meu mal sĂŁo sintomas,
Mortais ausĂȘncias, e zelos,
Era o remédio esquecer-me,
Se em mim houvera esquecimento.

Mas se faz no meu cuidado
OperaçÔes o veneno,
Viva de senti-lo quem,
NĂŁo morre de padecĂȘ-lo.

JĂĄ que morro, ingrata sorte,
Às mãos da tua porfia,
Deixa-me inquirir um dia
A causa da minha morte:

Se amor com impulso forte
Me rendeu, como me aparta
Do bem, que na alma retrata
Minha doce saudade,

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A Base da Actividade

Em nenhuma actividade Ă© bom sinal se, de inĂ­cio, existe o desejo de vencer – emulação, violĂȘncia, ambição, etc. Deve começar-se por amar a tĂ©cnica de cada actividade por si prĂłpria, como se ama a vida pelo simples parazer de viver.
Nisto consiste a verdadeira vocação e a promessa de ĂȘxito sĂ©rio. Em seguida, poderĂŁo vir todas as paixĂ”es sociais imaginĂĄveis, para reanimar o puro amor da tĂ©cnica – tĂȘm mesmo que vir -, mas começar por elas Ă© indĂ­cio de que se deseja perder tempo. Em suma, Ă© preciso amar uma actividade, como se mais nada existisse no mundo, por si prĂłpria.
É por isso que o momento significativo Ă© o do inĂ­cio: porque, entĂŁo, Ă© como se o mundo (paixĂ”es sociais) nĂŁo existisse ainda no que diz respeito a essa actividade.
Também porque toda a gente é capaz de se interessar por um trabalho que se sabe quanto rende; o difícil é apaixonarmo-nos gratuitamente.

HeroĂ­smo no comando, violĂȘncia sem sentido e toda detestĂĄvel idiotice que Ă© chamada de patriotismo – eu odeio tudo isso de coração.