Passagens de José Luís Nunes Martins

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Tudo quanto na nossa existência não faz parte do nosso sentido da vida funcionará sempre como um peso, grão de areia na engrenagem, semente que se há de fazer raiz de tristeza.

Temos uma vida, uma só. Mas muitos julgam que há sempre muito tempo e, por isso, tantas vezes, decidimos adiar o importante para desperdiçar tempo com o que pouco vale.

Cabe-me a humildade de aceitar o mundo tal como ele é: enorme; cabendo ao mundo a humildade de me aceitar tal como sou: um pequeno criador e descobridor de mundos.

O Dom de Deixar Ir

É preciso aprender a viver. A qualidade da nossa existência depende de um equilíbrio fundamental na nossa relação com o mundo: apego e desapego. Nesta vida, a ponderação, a proporção e a subtileza são sempre melhores que qualquer arrebatamento. Mas o essencial é aprender que a existência é feita de dádivas e perdas.

Eis porque quem reza deve pedir e agradecer: tudo é, na verdade, um dom. Tudo passa… importa pois prepararmo-nos para a perda, ainda que tantas vezes não seja senão temporária… Alegrias e dores. Só há felicidade num coração onde habita a sabedoria e paciência dos tempos e dos momentos, a paz de quem sabe que são muitos os porquês e para quês que ultrapassam a capacidade humana de compreender.

Na vida, tudo se recebe e tudo se perde.
Amar é um apego natural mas também obriga a que deixemos o outro ser quem é, abrindo mão e permitindo-lhe que parta, ou que fique, sem desejar outra coisa senão que seja radicalmente livre. Aprendendo que há muito mais valor no ato de quem decide ficar do que naquele de quem só está por não poder partir.

Nada verdadeiramente nos pertence. O sublime do amor está aí,

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A Morte que Trazemos no Coração

É no coração que morremos. É aí que a morte habita.

Nem sempre nos damos conta que a carregamos connosco, mas, desde que somos vida, ela segue-nos de perto. Enquanto não somos tomados pela nossa, vamos assistindo e sentindo, em ritmo crescente ao longo da vida, às mortes de quem nos é querido. A morte de um amigo é como uma amputação: perdemos uma parte de nós; uma fonte de amor; alguém que dava sentido à nossa existência… porque despertava o amor em nós.

Mas não há sabedoria alguma, cultura ou religião, que não parta do princípio de que a realidade é composta por dois mundos: um, a que temos acesso direto e, outro, que não passa pelos sentidos, a ele se chega através do coração. Contudo, o visível e o invisível misturam-se de forma misteriosa, ao ponto de se confundirem e, como alguns chegam a compreender, não serem já dois mundos, mas um só.
Só as pessoas que amamos morrem. Só a sua morte é absoluta separação. Os estranhos, com vidas com as quais não nos cruzamos, não morrem, porque, para nós, de facto, não chegam sequer a ser.

Só as pessoas que amamos não morrem.

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O nosso coração deve ser um castelo. De onde expulsamos, sem demoras, tudo quanto atenta contra o nosso bem. Sem excessos nem cobardias. Em paz.

Quem ama nunca se funde nem confunde com o amado. Os egoísmos buscam modificar o outro para o fazer à sua imagem e semelhança. O amor aceita e promove o ser do outro, enquanto verdade livre e autónoma, com o seu significado, rumo e valor próprios.

O amor não é recíproco, é pessoal, nasce no mais íntimo da nossa identidade. Não é metade de nada, é um todo. Precisa do outro como fim, não como princípio.

Respeitar não supõe reciprocidade, pois cada ato remete apenas para o seu autor e protagonista… respeitar para ser respeitado é um jogo de quem não compreende que o valor dos atos não depende da reação que eles têm neste mundo.

Valerá a pena pensar, e amar, com o cuidado absoluto de deixar de lado tudo quanto não é senão mera superficialidade. O que sobra, muito pouco, abrace-se.

Os amigos tendem a gostar muito do que nos custa a alcançar e a desvalorizar o que nos é fácil…. Já os inimigos preferem que nada façamos e odeiam o que fazemos de mais difícil e elevado. Uns querem o melhor de nós, outros, o pior.

No amor não há monotonia. Ou cresce para o exterior, expandindo-se e criando novos mundos; ou para o interior, alargando os horizontes do sentir e do pensar até ao infinito.