Como Lidar com a Adulação
Não quero deixar de abordar uma questão que reputo de importante e um erro do qual os principes com dificuldade se guardam, se não são prudentes ou se não têm cuidado nas escolhas que fazem. Trata-se dos aduladores, espécie de que as cortes se encontram cheias. É que os homens comprazem-se de tal modo com as coisas que lhes dizem respeito e de um modo tão ilusório, que só muito dificilmente se precavem contra esta peste. E querendo precaver-se, corre o risco de se tornar desprezível. Porque não tendes outro modo de vos protegerdes da adulação a não ser logrando convencer os outros homens de que vos não ofendem dizendo a verdade. Todavia, quando alguém vos diz a verdade, sentis a falta da reverência.
Consequentemente, um príncipe prudente deve dispor de uma terceira via, escolhendo no seu estado homens sábios, devendo só a esses conceder livre arbítrio para lhe falarem verdade. E, apenas, sobre as coisas que lhes perguntardes, não de outras. Mas deve fazer perguntas sobre todas as coisas, ouvir as suas opiniões e, depois, decidir por si próprio, a seu modo. E com estes conselhos e com cada um dos conselheiros, portar-se de maneira que cada um deles perceba que,
Passagens de Nicolau Maquiavel
120 resultadosAs injúrias devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, saboreando-as menos, ofendam menos: e os benefícios devem ser feitos pouco a pouco, a fim de que sejam mais bem saboreados.
A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam.
Tornamo-nos odiados tanto fazendo o bem como fazendo o mal.
O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio.
Os homens em geral formam suas opiniões guiando se antes pela vista do que pelo tato, pois todos sabem ver mas poucos sentir. Cada qual vê o que parecemos ser, poucos sentem o que realmente somos.
Um povo corrompido que atinge a liberdade tem maior dificuldade em mantê-la.
Tudo se degenera, se sucede e se repete fatalmente.
Os preconceitos têm raízes mais profundas que os princípios.
Nunca se deve deixar que aconteça uma desordem para evitar uma guerra, pois ela é inevitável, mas, sendo protelada, resulta em tua desvantagem.
Na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, contra a qual não há recurso, os fins justificam os meios.
Governar é fazer acreditar.
A prudência persiste em saber reconhecer a natureza dos inconvenientes, aceitando como bom o menos mal.
O ódio é o produto tanto das boas obras como das infames.
Competição: Se seu melhor cavalo quebrar a perna abandone-o. Se seu melhor amigo o trair, esqueça.
Os homens prudentes sabem sempre tirar proveito dos actos a que a necessidade os constrangeu.
Dizem a verdade aqueles que afirmam que as más companhias conduzem os homens à forca.
Nunca se deve deixar prosseguir uma crise para escapar a uma guerra, mesmo porque dela não se foge mas apenas se adia para desvantagem própria.
Os preconceitos têm mais raízes do que os princípios.
Os homens esquecem mais facilmente a morte do pai que a perda dos bens.