Poemas sobre Costumes de João de Deus

2 resultados
Poemas de costumes de João de Deus. Leia este e outros poemas de João de Deus em Poetris.

Enlevo

NĆ£o brilha o sol,
Nem póde a lua
Brilhar na sua
PresenƧa d’ella!..
Nenhuma estrella
Brilha deante
Da minha amante,
Da minha amada!

A madrugada
Quanto não perde!
O campo verde
Quanto esmorece!
Quanto parece
A voz da ave
Menos suave
Que a sua falla!

A flƓr exhala
Menos perfume
Do que Ć© costume
O seu cabello!
Que basta vĆŖl-o,
Prende-se a gente!
Prende-se e sente
Gosto ineffavel!

Que riso affavel
Aquelle riso!
Que paraĆ­so
Aquella bƓca!
Penetra, toca,
Enche de inveja
Um ar que seja
Da sua graƧa!

Onde ella passa,
Onde ella chega,
Quem lhe não prega
Olhos avaros!
Ha dotes raros,
Rara doƧura
N’aquella pura
Casta existencia!

Oh! que innocencia
Que ella respira!
A alma aspira
NĆ£o sei que aroma
Mal nos assoma
Ao longe aquella
Pallida estrella,
Que rege o mundo!…

Nunca do fundo
Do oceano
Foi braƧo humano
Colher tão linda
Perola ainda,

Continue lendo…

Paixão

SupƵe que de uma praia, rocha ou monte,
Com essa vista embaciada e turva
Que dƔ aos olhos entranhƔvel dor,
Tinhas podido ver transpor a curva
Pouco a pouco do lĆ­quido horizonte
A barca saudosa que levasse
Aquele a quem primeiro uniste a face
E o teu primeiro amor!

Depois, que toda mƔgoa e saudade,
Da mesma rocha ou alcantil deserto,
Olhando avidamente para o mar…
Vias na solitƔria imensidade
Vagas ficƧƵes de um pensamento incerto
Surgir das ondas, desfazer-se em espuma,
NĆ£o alvejando nunca vela alguma…
E sempre a suspirar!

Até que à luz de uma intuição sublime
De alma arrancavas o gemido extremo
De saudade, desespero e dor!…
Pois Ć© assim que eu sofro, assim que eu gemo,
Que nuvem negra o coração me oprime,
Nuvem de mÔgoa, nuvem de ciúme,
Em te nĆ£o vendo Ć  hora do costume…
Meu anjo e meu amor!