Poemas sobre Medo de Afonso Lopes Vieira

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Poemas de medo de Afonso Lopes Vieira. Leia este e outros poemas de Afonso Lopes Vieira em Poetris.

O Segredo do Mar

A “Flor do Mar” avançando
Navegava, navegava,
Lá para onde se via
O vulto que ela buscava.

Era tĂŁo grande, tĂŁo grande
Que a vista toda tapava.

E Bartolomeu erguido
Aos marinheiros bradava
Que ninguém tivesse medo
Do gigante que ali estava.

E mais perto agora estĂŁo
Do que procurando vĂŁo!

Bartolomeu que viu?
Que descobriu o valente?
– Que o gigante era um penedo
que tinha forma de gente?

Que era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os meninos tinham medo de ir.
Agora o mar Ă© livre e Ă© seguro
E foi um portuguĂŞs que o foi abrir.

O Sapo

Não há jardineiro assim,
Não há hortelão melhor
Para uma horta ou jardim,
Para os tratar com amor.

É o guarda das flores belas,
da horta mais do pomar;
e enquanto brilham estrelas,
lá anda ele a rondar…

Que faz ele? Anda a caçar
os bichos destruidores
que adoecem o pomar
e fazem tristes as flores.

Por isso, ficam zangadas
as flores, se se faz mal
a quem as traz tĂŁo guardadas
com o seu cuidado leal.

E ele guarda as flores belas,
a horta mais o pomar;
brilham no céu as estrelas,
e ele ronda, a trabalhar…

E ao pobre sapo, que Ă© cheio
de amor pela terra amiga,
dizem-lhe que Ă© feio
e há quem o mate e persiga

Mas as flores ficam zangadas,
choram, e dizem por fim:
– «EntĂŁo ele traz-nos guardadas,
e depois pagam-lhe assim?»

E vendo, Ă  noite, passar
o sapo cheio de medo,
as flores, para o consolar,
chamam-lhe lindo, em segredo…