Poemas sobre Portugueses de Afonso Lopes Vieira

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Poemas de portugueses de Afonso Lopes Vieira. Leia este e outros poemas de Afonso Lopes Vieira em Poetris.

O Segredo do Mar

A “Flor do Mar” avançando
Navegava, navegava,
Lá para onde se via
O vulto que ela buscava.

Era tĂŁo grande, tĂŁo grande
Que a vista toda tapava.

E Bartolomeu erguido
Aos marinheiros bradava
Que ninguém tivesse medo
Do gigante que ali estava.

E mais perto agora estĂŁo
Do que procurando vĂŁo!

Bartolomeu que viu?
Que descobriu o valente?
– Que o gigante era um penedo
que tinha forma de gente?

Que era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os meninos tinham medo de ir.
Agora o mar Ă© livre e Ă© seguro
E foi um portuguĂŞs que o foi abrir.

Saudades Trágico-Marítimas

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.
Na praia, de bruços,
fico sonhando, fico-me escutando
o que em mim sonha e lembra e chora alguém;
e oiço nesta alma minha
um longĂ­nquo rumor de ladainha,
e soluços,
de alĂ©m…

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

SĂŁo meus AvĂłs rezando,
que andaram navegando e que se foram,
olhando todos os céus;
sĂŁo eles que em mim choram
seu fundo e longo adeus,
e rezam na ânsia crua dos naufrágios;
choram de longe em mim, e eu oiço-os bem,
choram ao longe em mim sinas, presságios,
de alĂ©m, de alĂ©m…

Chora no ritmo do meu sangue, o Mar.

Naufraguei cem vezes já…
Uma, foi na nau S. Bento,
e vi morrer, no trágico tormento,
Dona Leonor de Sá:
vi-a nua, na praia áspera e feia,
com os olhos implorando
– olhos de esposa e mĂŁe –
e vi-a, seus cabelos desatando,
cavar a sua cova e enterrar-se na areia.
– E sozinho me fui pela praia alĂ©m…

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