Estrangeiro

Sou estrangeiro em todos os lugares.
InĂștil procurar-te, aldeia minha.
Subo de escada todos os andares,
com a fria espada a acutilar-me a espinha.

NĂŁo sou daqui nem sou de lĂĄ. Perdi-me
na indecisĂŁo de becos e de esquinas.
Como o pardal diante do gato, vi-me
apanhado por garras assassinas.

Os mapas pendurados nas paredes
riem de mim como insensĂ­veis redes,
rasgando os peixes que nĂŁo fogem mais.

Prenderam-me entre muros que abomino
e toda a noite entoam-me seu hino
de insultos, gritos e Ăłdios triunfais.