A Necessidade de Contrariar as Obrigações Sociais
Os homens estão sujeitos não somente a perderem a lembrança dos benefícios e das injúrias; eles chegam a odiar os que os obsequiaram e cessam de odiar os que os ultrajaram. O cuidado em recompensar o bem e vingar-se do mal parece-lhes uma obrigação à qual com muito custo se submetem.
Passagens de François de La Rochefoucauld
553 resultadosHá pessoas tolas que se conhecem e que usam habilidosamente a sua tolice.
O inferno das mulheres é a velhice.
A felicidade e a desgraça dos homens dependem em partes iguais da sua disposição de espírito e da fortuna.
Comparação de Verdades
A verdade, esteja em que pessoa estiver, não se apaga por comparação com outra verdade e, qualquer diferença que possa parecer haver entre duas pessoas, o que é verdade numa não apaga de modo algum o que é verdade na outra. Podem ter mais ou menos adeptos e ser mais ou menos brilhantes, mas são sempre iguais pela sua verdade, que nunca é mais verdadeira nos grandes do que na arraia-miúda. A arte da guerra está mais espalhada do que a poesia, mas o poeta e o conquistador podem comparar-se um ao outro, porque são verdadeiramente o que são, tal como o legislador, o pintor, etc.
(…) Uma pessoa pode ter várias verdades e outra pode não ter nenhuma. O que tem várias é mais apreciado e brilha mais nos círculos em que o outro não brilha, mas, na altura em que tanto um como outro são verdadeiros, brilham da mesma maneira.
É tão vulgar ver mudar os gostos, como é extraordinário ver mudar as inclinações.
Nem sempre está na mão de cada um ser feliz; mas está merecê-lo.
A Arte da Conversação
O que faz com que poucas pessoas sejam agradáveis na conversação é que cada uma pensa mais no que tem a intenção de dizer do que naquilo que as outras dizem, e que não se escuta às demais quando se tem vontade de falar.
Para agradar aos outros é preciso falar daquilo de que eles gostam e que os interessa, evitar as discussões sobre coisas indiferentes, formular-lhes raramente perguntas e não os deixar crer que se pretende ter mais razão que eles.
Evitemos sobretudo falar frequentemente de nós mesmos e de nos darmos como exemplo. Nada é mais desagradável do que uma pessoa que se cita a si mesma a cada passo.
É mais por estima pelos nossos sentimentos que exageramos as boas qualidades dos outros, que pelo seu mérito, e apenas desejamos receber elogios quando aparentamos dá-los.
O orgulho tem esquisitices como qualquer outra paixão. Temos vergonha de confessar que sentimos ciúmes, mas nos vangloriamos de havermos tido, e de sermos capazes de tê-lo.
A avareza é mais contrária à economia que a liberalidade.
A Compaixão como Prevenção
A compaixão é frequentemente um sentimento dos nossos males nos males dos outros. É uma hábil antevisão dos infortúnios em que podemos cair. Damos auxílio aos outros para levá-los a nos dar outro tanto em ocasiões semelhantes; e os serviços que lhes prestamos são, para dizer a verdade, bens que fazemos a nós mesmos de antemão.
É mais fácil ser sábio para os outros do que para nós mesmos.
A vaidade, a vergonha e, sobretudo, o temperamento, fazem muitas vezes a coragem dos homens e a virtude das mulheres.
Temos mais preguiça no espírito do que no corpo.
Consolamo-nos facilmente das desgraças dos nossos amigos quando estas servem para manifestarmos a nossa ternura por eles.
A fortuna e o humor governam o mundo.
O extremo prazer que sentimos em falar de nós mesmos devia fazer-nos recear não dar nenhum a quem nos escuta.
Nunca se é feliz como se acredita, nem feliz como se espera ser.
Aqueles que tiveram grandes paixões sentem-se sempre felizes e infelizes por se terem curado delas.