Tememos tudo como mortais, mas desejamos tudo como se fossemos imortais.
Passagens de François de La Rochefoucauld
553 resultadosSe há homens cujo ridículo nunca se tornou evidente, é porque nunca procurámos bem.
Apenas confessamos os pequenos defeitos para persuadir os outros de que não temos grandes.
Os defeitos do espírito aumentam com a idade, tal como os do rosto.
Por vezes, requer tanta habilidade saber aproveitar um bom conselho, como saber aconselhar-se a si mesmo.
Falta muito para que a inocência tenha tanta protecção como o crime.
Os Exemplos são Guias que nos Desencaminham com Frequência
Seja qual for a diferença que exista entre os bons e os maus exemplos, convenhamos que ambos dão mau resultado. Nem sequer sei se os crimes de Tibério ou de Nero nos afastam mais dos vícios do que os exemplos paradigmáticos dos grandes homens que supostamente nos encaminham para a virtude. Veja-se como a valentia de Alexandre produziu gabarolas! Veja-se até que ponto a glória de César permitiu actos antipáticos! Repare-se como Roma e Esparta louvaram virtudes selvagens! Diógenes criou tantos filósofos importunos, Cícero citou tagarelas, Pompónio Ático citou pessoas medíocres e preguiçosas, Mário e Sila, pessoas vingativas, Lucullus, pessoas voluptuosas, Alcibíades e António citaram debochados e Capão citou pessoas teimosas! Todos estes famosos protótipos produziram um número enorme de más reproduções. As virtudes são vizinhas dos vícios. Os exemplos são guias que nos desencaminham com frequência e, como estamos tão cheios de mentiras, não deixamos de usá-las tanto para nos afastarmos do caminho da virtude como para segui-lo.
A subtileza em demasia é uma falsa delicadeza, e a verdadeira delicadeza é uma sólida subtileza.
É tão honesto ser vaidoso consigo mesmo, como é ridículo sê-lo com os outros.
Há heróis no mal como no bem.
Há um certo reconhecimento profundo que não nos desobriga de favores recebidos, mas que faz até que os nossos amigos nos devam quando lhes pagamos o que lhes devemos.
Se resistimos às nossas paixões, é mais pela fraqueza delas que pela nossa força.
Os nossos actos são como os versos de pé quebrado, que cada um rima como muito bem entende.
Quem vive sem loucura não é tão sábio como pensa.
Temos mais força do que vontade e é por isso mesmo que nos desculpamos imaginando que as coisas são impossíveis de atingir.
Há uma inconstância que vem da ligeireza de espírito ou da sua fraqueza, e que lhe faz aceitar todas as opiniões alheias, mas há outra, mais desculpável, que vem do tédio das coisas.
Os vícios entram na composição da virtude assim como os venenos entram na composição dos remédios. A prudência mistura-os e atenua-os, e deles se serve utilmente conta os males da vida.
Ainda que seja raro o verdadeiro amor, é no entanto menos raro que a verdadeira amizade.
Há poucas mulheres honestas que não se sintam cansadas de o ser.
A distância é como os ventos: apaga as velas e acende as grandes fogueiras.