Poemas sobre CoraĆ§Ć£o de Paul Celan

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Elogio da DistĆ¢ncia

Na fonte dos teus olhos
vivem os fios dos pescadores do lago da loucura.
Na fonte dos teus olhos
o mar cumpre a sua promessa.

Aqui, coraĆ§Ć£o
que andou entre os homens, arranco
do corpo as vestes e o brilho de uma jura:

Mais negro no negro, estou mais nu.
SĆ³ quando sou falso sou fiel.
Sou tu quando sou eu.

Na fonte dos teus olhos
ando Ć  deriva sonhando o rapto.

Um fio apanhou um fio:
separamo-nos enlaƧados.

Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula o baraƧo.
TraduĆ§Ć£o de JoĆ£o Barrento e Y. K. Centeno

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CoraĆ§Ć£o Inconstante

CoraĆ§Ć£o inconstante, a quem a charneca edifica a cidade
no meio das velas e das horas,
tu sobes
com os choupos atƩ aos lagos:
aĆ­ talha a flauta, de noite,
o amigo do seu silĆŖncio
e mostra-o Ơs Ɣguas.
Na margem
vagueia embuƧado o pensamento e escuta:
pois nada
surge com a sua prĆ³pria forma,
e a palavra, que brilha sobre ti,
crĆŖ no escaravelho dentro do feto.

TraduĆ§Ć£o de JoĆ£o Barrento e Y. K. Centeno

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