Poemas sobre Cores de Guerra Junqueiro

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Poemas de cores de Guerra Junqueiro. Leia este e outros poemas de Guerra Junqueiro em Poetris.

Morena

NĂŁo negues, confessa
Que tens certa pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena.

Pois eu nĂŁo gostava,
Parece-me a mim,
De ver o teu rosto
Da cor do jasmim.

Eu nĂŁo… mas enfim
É fraca a razão,
Pois pouco te importa
Que eu goste ou que nĂŁo.

Mas olha as violetas
Que, sendo umas pretas,
O cheiro que tĂŞm!
Vê lá que seria,
Se Deus as fizesse
Morenas também!

Tu Ă©s a mais rara
De todas as rosas;
E as coisas mais raras
SĂŁo mais preciosas.

Há rosas dobradas
E há-as singelas;
Mas sĂŁo todas elas
Azuis, amarelas,
De cor de açucenas,
De muita outra cor;
Mas rosas morenas,
SĂł tu, linda flor.

E olha que foram
Morenas e bem
As moças mais lindas
De Jerusalém.
E a Virgem Maria
NĂŁo sei… mas seria
Morena também.

Moreno era Cristo.
Vê lá depois disto
Se ainda tens pena
Que as mais raparigas
Te chamem morena!

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Elegia

A alegria da vida, essa alegria d’oiro
A pouco e pouco em mim vai-se extinguindo, vai…
Melros alegres de bico loiro,
Ă“ melros negros, cantai, cantai!

Ando lĂ­vido, arrasto o pobre corpo exangue,
Que era feito da luz das claras madrugadas…
Rosas vermelhas da cor do sangue,
Rosas abri-vos Ă s gargalhadas!

Limpidez virginal, graça d’Anacreonte,
Mimo, frescura, força, onde Ă© que estais?… nĂŁo sei!…
Ó águas vivas, águas do monte,
Ó águas puras, correi, correi!

Eu sinto-me prostrado em lânguido desmaio,
E a minha fronte verga exausta para o chĂŁo…
Cedros altivos, sem medo ao raio,
Cedros erguei-vos pela amplidĂŁo!