Poemas sobre Harmonia de João de Deus

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Não Sei o que Ha de Vago

Não sei o que ha de vago,
Incoercivel, puro,
No vôo em que divago
Á tua busca, amor!
No vôo em que procuro
O balsamo, o aroma,
Que, se uma fórma toma,
É de impalpavel flôr!

Oh como te eu aspiro
Na ventania agreste!
Oh como te eu admiro
Nas solidões do mar!
Quando o azul celeste
Descança n’essas agoas
Bem como n’estas magoas
Descança o teu olhar!

Que placida harmonia
Então a pouco e pouco
Me eleva a fantasia
A novas regiões!
Dando-me ao uivo rouco
Do mar, n’essas cavernas,
O timbre das mais ternas
E pias orações!

Parece todo o mundo
Só um immenso templo!
O mar já não tem fundo
E não tem fundo o céo!
E, em tudo, o que contemplo,
O que diviso em tudo,
És tu!… esse olhar mudo!…
O mundo… és tu… e eu!…

Melancolia

Oh dôce luz! oh lua!
Que luz suave a tua,
E como se insinua
Em alma que fluctua
De engano em desengano!
Oh creação sublime!
A tua luz reprime
As tentações do crime,
E á dôr que nos opprime
Abres-lhe um oceano!

É esse céo um lago,
E tu, reflexo vago
D’um sol, como o que eu trago
No seio, onde o afago,
No seio, onde o aperto?
Oh luz orphã do dia!
Que mystica harmonia
Ha n’essa luz tão fria,
E a sombra que me guia
N’este areal deserto!

Embora as nuvens trajem
De dia outra roupagem,
O sol, de que és imagem,
Não tem essa linguagem
Que encanta, que namora!
Fita-te a gente, estuda,
(Sem mêdo que se illuda)
Essa linguagem muda…
O teu olhar ajuda…
E a gente sente e chora!

Ah! sempre que descrevas
A orbita que levas,
Confia-me o que escrevas
De quanto vês nas trevas,
Que a luz do sol encobre!
As victimas, que escutas,
De traças mais astutas
Que as d’essas féras brutas…

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