Poemas sobre Saber

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Poemas de saber escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Louvor do Aprender

Aprende o mais simples! Pra aqueles
Cujo tempo chegou
Nunca Ă© tarde de mais!
Aprende o abc, nĂŁo chega, mas
Aprende-o!   E não te enfades!
Começa! Tens de saber tudo!
Tens de tomar a chefia!

Aprende, homem do asilo!
Aprende, homem na prisĂŁo!
Aprende, mulher na cozinha!
Aprende, sexagenária!
Tens de tomar a chefia!

Frequenta a escola, homem sem casa!
Arranja saber, homem com frio!
Faminto, pega no livro: Ă© uma arma.
Tens de tomar a chefia.

NĂŁo te acanhes de perguntar, companheiro!
Não deixes que te metam patranhas na cabeça:
VĂŞ c’os teus prĂłprios olhos!
O que tu mesmo nĂŁo sabes
NĂŁo o sabes.
Verifica a conta:
És tu que a pagas.
Põe o dedo em cada parcela,
Pergunta: Como aparece isto aqui?
Tens de tomar a chefia.

Tradução de Paulo Quintela

Do Sentimento Trágico da Vida

Não há revolta no homem
que se revolta calçado.
O que nele se revolta
Ă© apenas um bocado
que dentro fica agarrado
à tábua da teoria.

Aquilo que nele mente
e parte em filosofia
Ă© porventura a semente
do fruto que nele nasce
e a sede nĂŁo lhe alivia.

Revolta Ă© ter-se nascido
sem descobrir o sentido
do que nos há-de matar.

Rebeldia é o que põe
na nossa mĂŁo um punhal
para vibrar naquela morte
que nos mata devagar.

E sĂł depois de informado
sĂł depois de esclarecido
rebelde nu e deitado
ironia de saber
o que sĂł entĂŁo se sabe
e nĂŁo se pode contar.

Males de Anto

A Ares n’uma aldeia

Quando cheguei, aqui, Santo Deus! como eu vinha!
Nem mesmo sei dizer que doença era a minha,
Porque eram todas, eu sei lá! desde o odio ao tedio.
Molestias d’alma para as quaes nĂŁo ha remedio.
Nada compunha! Nada, nada. Que tormento!
Dir-se-ia accaso que perdera o meu talento:
No entanto, ás vezes, os meus nervos gastos, velhos,
Convulsionavam-nos relampagos vermelhos,
Que eram, bem o sentia, instantes de Camões!
Sei de cór e salteado as minhas afflicções:
Quiz partir, professar n’um convento de Italia,
Ir pelo Mundo, com os pĂ©s n’uma sandalia…
Comia terra, embebedava-me com luz!
Extasis, spasmos da Thereza de Jezus!
Contei n’aquelle dia um cento de desgraças.
Andava, á noite, só, bebia a noite ás taças.
O meu cavaco era o dos mortos, o das loizas.
Odiava os homens ainda mais, odiava as Coizas.
Nojo de tudo, horror! Trazia sempre luvas
(Na aldeia, sim!) para pegar n’um cacho d’uvas,
Ou n’uma flor. Por cauza d’essas mĂŁos… Perdoae-me,
Aldeões! eu sei que vós sois puros. Desculpae-me.

Mas, atravez da minha dor,

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Desporto e Pedagogia

I

Diz ele que nĂŁo sei ler
Isso que tem? Cá na aldeia
NĂŁo se arranjam dĂşzia e meia
Que saibam ler e escrever.

II

P’ra escolas nĂŁo há bairrismo,
Não há amor nem dinheiro.
Por quĂŞ? Porque estĂŁo primeiro
O Futebol e o Ciclismo!

III

Desporto e pedagogia
Se os juntassem, como irmĂŁos,
Esse conjunto daria,
Verdadeiros cidadĂŁos!
Assim, sem darem as mĂŁos,
O que um faz, outro atrofia.

IV

Da educação desportiva,
Que nos prepara p’ra vida,
Fizeram luta renhida
Sem nada de educativa.

V

E o povo, espectador em altos gritos,
Provoca, gesticula, a direito e torto,
Crendo assim defender seus favoritos
Sem lhe importar saber o que Ă© desporto.

VI

Interessa Ă© ganhar de qualquer maneira.
Enquanto em campo o dever se atropela,
Faz-se outro jogo lá na bilheiteira,
Que enche os bolsinhos aos que vivem dela.

VII

Convém manter o Zé bem distraído
Enquanto ele se entrega Ă  diversĂŁo,

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