Amo-te Sempre

Amo-te sempre
com um pouco de barco e de vento
com uma humildade de mar Ă  tua volta
dentro do meu corpo; com o desespero
de ser tempo;

com um pouco de sol e uma fonte
adormecida na ternura.

Merecer este minuto de palavras habitando
o que hĂĄ sem fim no teu retrato;
Este mesmo minuto em que chegam e partem navios
– nesta mesma cidade deste
minuto, desta lĂ­ngua, deste
romance diĂĄrio dos teus olhos –

(e chegarĂŁo com armas? refugiados? trigo?
partirĂŁo com noivas? missionĂĄrios? guerras? discursos?)

Merecer a densa beleza do teu corpo
que tem ågua e ternura, células, penumbra,
que dormiu no berço, dormiu na memória,
que teve soluços, febre, e absurdos desejos
maiores que os braços,

merecer os dias subindo das florestas – e vĂȘm
banhar-se, lentos, nos teus olhos…

Merecer a Igreja, o ajoelhar das palavras,
entre estes cinemas visitando, em duas horas, a alma,
estes eléctricos parando atrås do infinito
para subirem os namorados, a viĂșva, o cobrador da luz, a
costureira
entre estes homens que ganham dinheiro,

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