A um Desmaio por Causa de uma Sangria
Penetrou lanceta dura
Naquele valente braço:
Muita neve em pouco espaço,
Muita prata em neve pura.
De ambição não foi loucura,
Destino sim, e foi mais.
Que com circunstĂąncias tais
Descobriu um Potosi
Entre minas de corais.A fita que o braço atava
Vermelha e branca se via:
De vermelha se corria
E de branca se enfiava.
A prata se aprisionava,
Porém não falta quem diga
Que deu Ă prata uma figa
A do braço, pois ferido
Ficou mais enriquecido
Vendo sua prata com liga.Entre um desmaio se enleia
Aquele sol animado,
A viu-se o sol desmaiado
Por ser picado na veia.
Desmaia a luz da candeia
Escurecendo o arrebol.
Da luz esconde o farol.
Mas que muito que a luz caia,
Se a luz também se desmaia
Quando se desmaia o sol!
Poemas sobre Valentes
4 resultadosSĂŁo Mais as Vozes que as Nozes
Mais sĂŁo as vozes que as nozes
pâra mim nesta ocasiĂŁo,
e para vós nesta acção
mais as nozes que as vozes:
vĂłs jogais os arriozes
com elas muito contentes;
e, sendo as nozes tĂŁo quentes,
eu fico dâelas mui frio;
vĂłs com calor e com brio,
com elas ficais valentes.Assim que a guerra serĂĄ
nĂŁo guerra de cĂŁo com gato,
senĂŁo de gato com rato
que Ă© para vĂłs guerra mĂĄ:
que eu nĂŁo posso sofrer jĂĄ
tanta perda, nem tal dano,
nem que um ratinho tirano
me dĂȘ uma e outra vez
mĂĄs horas em portuguĂȘs,
maus «ratos» em castelhano.
O Segredo do Mar
A âFlor do Marâ avançando
Navegava, navegava,
LĂĄ para onde se via
O vulto que ela buscava.Era tĂŁo grande, tĂŁo grande
Que a vista toda tapava.E Bartolomeu erguido
Aos marinheiros bradava
Que ninguém tivesse medo
Do gigante que ali estava.E mais perto agora estĂŁo
Do que procurando vĂŁo!Bartolomeu que viu?
Que descobriu o valente?
– Que o gigante era um penedo
que tinha forma de gente?Que era dantes o mar? Um quarto escuro
Onde os meninos tinham medo de ir.
Agora o mar Ă© livre e Ă© seguro
E foi um portuguĂȘs que o foi abrir.
Lua Nova
Mãe dos frutos, Jaci, no alto espaço
Ei-la assoma serena e indecisa:
Sopro Ă© dela esta lĂąnguida brisa
Que sussurra na terra e no mar.
NĂŁo se mira nas ĂĄguas do rio,
Nem as ervas do campo branqueia;
Vaga e incerta ela vem, como a idéia
Que inda apenas começa a espontar.E iam todos; guerreiros, donzelas,
Velhos, moços, as redes deixavam;
Rudes gritos na aldeia soavam,
Vivos olhos fugiam pâra o cĂ©u:
Iam vĂȘ-la, Jaci, mĂŁe dos frutos,
Que, entre um grupo de brancas estrelas,
Mal cintila: nem pĂŽde vencĂȘ-las,
Que inda o rosto lhe cobre amplo véu.***
E um guerreiro: âJaci, doce amada,
Retempera-me as forças; não veja
Olho adverso, na dura peleja,
Este braço jå frouxo cair.
Vibre a seta, que ao longe derruba
Tajaçu, que roncando caminha;
Nem lhe escape serpente daninha,
Nem lhe fuja pesado tapir.â***
E uma virgem: âJaci, doce amada,
Dobra os galhos, carrega esses ramos
Do arvoredo coâas frutas* que damos
Aos valentes guerreiros, que eu vou
A buscĂĄ-los na mata sombria,