Sonetos sobre Alegria de William Shakespeare

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Sonetos de alegria de William Shakespeare. Leia este e outros sonetos de William Shakespeare em Poetris.

És Música e a Música Ouves Triste?

És música e a música ouves triste?
Doçura atrai doçura e alegria:
porque amas o que a teu prazer resiste,
ou tens prazer só na melancolia?

se a concórdia dos sons bem afinados,
por casados, ofende o teu ouvido,
são-te branda censura, em ti calcados,
porque de ti deviam ter nascido.

Vê que uma corda a outra casa bem
e ambas se fazem mútuo ordenamento,
como marido e filho e feliz mãe

que, todos num, cantam de encantamento:
É canção sem palavras, vária e em
uníssono: “só não serás ninguém”.

Não te Arruínes, Alma, Enriquece

Centro da minha terra pecadora,
alma gasta da própria rebeldia,
porque tremes lá dentro se por fora
vais caiando as paredes de alegria?

Para quê tanto luxo na morada
arruinada, arrendada a curto prazo?
Herdam de ti os vermes? Na jornada
do corpo te consomes ao acaso?

Não te arruínes, alma, enriquece:
vende as horas de escória e desperdício
e compra a eternidade que mereces,

sem piedade do servo ao teu serviço.
Devora a Morte e o que de nós terá,
que morta a Morte nada morrerá.

Tradução de Carlos de Oliveira