Sonetos sobre AusĂȘncia de Leonor de Almeida Portugal

2 resultados
Sonetos de ausĂȘncia de Leonor de Almeida Portugal. Leia este e outros sonetos de Leonor de Almeida Portugal em Poetris.

Se me Aparto de ti, Deus da Bondade

Se me aparto de ti, Deus da bondade,
Que ausĂȘncia tĂŁo cruel! Como Ă© possĂ­vel
Que me leve a um abismo tĂŁo terrĂ­vel
O pendor infeliz da humanidade!

Conforta-me, Senhor, que esta saudade
Me despedaça o coração sensível;
Se a teus olhos na cruz sou desprezĂ­vel,
NĂŁo olhes para a minha iniquidade!

À suave esperança me entregaste,
E o preço de teu sangue precioso
Me afiança que não me abandonaste.

Se, justo, castigar-me te é forçoso,
lembra-te que te amei, e me criaste
para habitar contigo o Céu lustroso!

Vai a Fresca ManhĂŁ Alvorecendo

Vai a fresca manhĂŁ alvorecendo,
vĂŁo os bosques as aves acordando,
vai-se o Sol mansamente levantando
e o mundo Ă  vista dele renascendo.

Veio a noite os objectos desfazendo
e nas sombras foi todos sepultando;
eu, desperta, o meu fado lamentando.
fui coa ausĂȘncia da luz esmorecendo.

Neste espaço, em que dorme a Natureza.
porque vigio assim tĂŁo cruelmente?
Porque me abafa Ăł peso da tristeza?

Ah, que as mĂĄgoas que sofre o descontente,
as mais delas sĂŁo faltas de firmeza.
Torna a alentar-te, Ăł Sol resplandecente!