Sonetos Interrogativos de Frei Ant贸nio das Chagas

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Conta e Tempo

Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e n茫o fiz conta,
N茫o quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje, quero acertar conta, e n茫o h谩 tempo.

Oh, v贸s, que tendes tempo sem ter conta,
N茫o gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto 茅 tempo, em vossa conta!

Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorar茫o, como eu, o n茫o ter tempo…

Se Sois Riqueza

Se sois riqueza, como estais despido?
Se Omnipotente, como desprezado?
Se rei, como de espinhos coroado?
Se forte, como estais enfraquecido?

Se luz, como a luz tendes perdida?
Se sol divino, como eclipsado?
Se Verbo, como 茅 que estais calado?
Se vida, como estais amortecido?

Se Deus? estais como homem nessa Cruz?
Se homem? como dais a um ladr茫o,
Com t茫o grande poder, posse dos c茅us?

Ah, que sois Deus e Homem, bom Jesus!
Morrendo por Ad茫o enquanto Ad茫o,
E redimindo Ad茫o enquanto Deus.

脌 Vaidade do Mundo

脡 a vaidade, F谩bio, desta vida
Rosa que na manh茫 lisonjeada
P煤rpuras mil com ambi莽茫o coroada
Airosa rompe, arrasta presumida;

脡 planta que de Abril favorecida
Por mares de soberba desatada,
Florida galera empavezada,
Surca ufana, navega destemida;

脡 nau, enfim, que em breve ligeireza,
Com presun莽茫o de f茅nix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza.

Mas ser planta, rosa e nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?