Ă€ Morte
Os correos da morte sĂŁo chegados,
Por caminhos antigos, impedidos,
Mal com meus olhos, mal com meus ouvidos,
Mal com meus pés, do chão mal levantados.E mal, por não chorar bem meus pecados,
Que sendo sete, e cinco, meus sentidos,
Por serem tantas vezes repetidos,
ImpossĂvel será serem contados.Se nĂŁo viera a morte acompanhada
Da conta, que dar devo tĂŁo estreita,
NĂŁo fora tĂŁo penosa imaginada.Mas a que vivo ou morto tenho feita,
Tenho com meu Senhor na cruz pregada,
Onde o ladrĂŁo contrito nĂŁo se enjeita.
Sonetos sobre Morte de Agostinho da Cruz
2 resultados Sonetos de morte de Agostinho da Cruz. Leia este e outros sonetos de Agostinho da Cruz em Poetris.
Perdi-me Dentro em Mim
Perdi-me dentro em mim, como em deserto,
Minha alma está metida em labirinto,
Contino contradigo o que consinto,
Cem mil discursos faço, em nada acerto.Vejo seguro o dano, o bem incerto;
Comigo porfiando me desminto,
O que mais atormenta, menos sinto,
O que me foge, quando está mais certo.E se as asas levanta o pensamento
Àquela parte, onde está escondida
A causa deste vario movimento,Transforma-se por nĂŁo ser conhecida,
Porque quer a pesar do sofrimento
PĂ´r as armas da morte em mĂŁo da vida.