Doente
A lua veio… foi-se… e em breve ainda,
Há de voltar, a doce lua amada,
Sem que eu a veja, a minha fada linda,
Sem que eu a veja, a minha boa fada.Ela há de vir, Ofélia desmaiada,
Sob as nuvens do céu na alvura infinda
Do seu branco roupĂŁo, noiva gelada,
Boiando Ă flor de um rio que nĂŁo finda.Ela há de vir, sem que eu a veja… Entanto,
Com que tristezas e saudoso encanto
Choro estas noites que passando vĂŁo…Ă“ lua! mostra-me o teu rosto ameno:
Olha que murcha Ă falta de sereno
O lĂrio roxo do meu coração!
Sonetos sobre Nuvens de Auta de Souza
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Meu Pai
A Eloy
Desce, meu Pai, a noite baixou mansa.
Nem uma nuvem se vê mais no céu:
Aninharam-se aqui no peito meu,
Onde, chorando, a negra dor descansa.Quando morreste eu era bem criança,
Balbuciava, sim, o nome teu,
Mas d’este rosto santo que morreu
Já nĂŁo conservo a mĂnima lembrança.A noite Ă© clara; e eu, aqui sentada,
Tenho medo da lua embalsamada,
Corta-me o frio a alma comovida.Se lá no Céu teu coração padece,
Vem comigo rezar a mesma prece:
Tua bênção, meu pai, me dará vida!