Sonetos sobre Serenos de João Xavier de Matos

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Quando nas Mãos de Amor me Vi Sujeito

Quando nas mãos de amor me vi sujeito,
A razão em mil erros consentindo,
Jurei de nunca mais, em lhe fugindo,
Sujeitar-me a seu bárbaro preceito.

Ora pude escapar-lhe, e ver desfeito
O duro laço, que me andara urdindo,
Até que pouco a pouco fui sentindo
De novas chamas inflamar-se o peito.

Olhando então por mim, achei quebrada
A ligeira promessa, a um brando rogo,
Por minha própria mão sacrificada;

Que juras contra amor, por desafogo,
São votos de tormenta já passada,
Que depois de serena, esquecem logo.

Que assim Sai a Manhã

Que assim sai a manhã, serena e bela!
Como vem no horizonte o sol raiando!
Já se vão os outeiros divisando,
já no céu se não vê nenhuma estrela.

Como se ouve na rústica janela
do pátrio ninho o rouxinol cantando!
Já lá vai para o monte o gado andando,
já começa o barqueiro a içar a vela.

A pastora acolá, por ver o amante,
com o cântaro vai à fonte fria;
cá vem saindo alegre o caminhante;

Só eu não vejo o rosto da alegria:
que enquanto de outro sol morar distante,
não há-de para mim nascer o dia.