As Discussões Nunca São Feitas de Boa Fé

SĂł os ingĂ©nuos podem crer que uma discussĂŁo visa resolver um problema ou esclarecer uma questĂŁo difĂ­cil. Na realidade, a sua Ăşnica justificação Ă© testar a capacidade de os participantes derrubarem o adversário. O que está em jogo nĂŁo Ă© a verdade, mas o amor prĂłprio. O bem falante leva a melhor sobre o que tartamudeia, o temerário sobre o tĂ­mido e o arrebatado sobre o escrupuloso. Estar de boa fĂ© equivale a potenciar as desvantagens, porquanto os escrĂşpulos se somam Ă  circunspecção, dificultando a expressĂŁo. O que Ă© a boa fĂ©? Uma conduta de fracasso, um autĂŞntico suicĂ­dio… Quem participa em debates fala sem escutar, espezinha qualquer raciocĂ­nio que nĂŁo seja conduzido por si prĂłprio, despreza as oposições, ignora as obstrucções e, de certo modo, conquista a vitĂłria Ă  força de palavras.
Cultiva a má fé com o profissionalismo do jardineiro que cria uma planta venenosa cujo veneno possui suavidades tão profundas que quem o prova já não passa sem ele. Para dar melhor resultado, a má fé não deve ser demasiado subtil. Com efeito, o seu impacte não será suficiente para desnortear o outro, rápida e duradouramente. Nesta matéria, a subtileza não substitui a brutalidade que, não obstante a detestável fama em certos meios intelectuais,

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