Ninguém Sabe Coisa Alguma

Porque nĂłs nĂŁo sabemos, pois nĂŁo? Toda a gente sabe. O que faz as coisas acontecerem da maneira que acontecem? O que estĂĄ subjacente ĂĄ anarquia da sequĂȘncia dos acontecimentos, Ă s incertezas, Ă s contrariedades, Ă  desuniĂŁo, Ă s irregularidades chocantes que definem os assuntos humanos? NinguĂ©m sabe, professora Roux. «Toda a gente sabe» Ă© a invocação do lugar-comum e o inimigo da banalização da experiĂȘncia, e o que se torna tĂŁo insuportĂĄvel Ă© a solenidade e a noção da autoridade que as pessoas sentem quando exprimem o lugar-comum. O que nĂłs sabemos Ă© que, de um modo que nĂŁo tem nada de lugar-comum, ninguĂ©m sabe coisa nenhuma. NĂŁo podemos saber nada. Mesmo as coisas que sabemos, nĂŁo as sabemos. Intenção? Motivo? ConsequĂȘncia? Significado? É espantosa a quantidade de coisas que nĂŁo sabemos. E mais espantoso ainda Ă© o que passa por saber.