Jornais e Jornalistas

Os jornais são o ponteiro dos segundos no relógio da história. Na maioria das vezes, porém, além de ser fabricado com metais menos nobres do que o dos outros dois ponteiros, raramente funciona de modo correcto.
Uma grande quantidade de maus escritores vive unicamente da estultice do pĂşblico, que sĂł quer ler o que foi impresso no mesmo dia: os jornalistas. A sua designação vem mesmo a calhar, no entanto deveriam chamar-se ‘diaristas’. O exagero de toda a espĂ©cie Ă© para eles tĂŁo essencial quanto para a arte dramática: com efeito, trata-se de extrair o máximo possĂ­vel de todo o incidente. Devido Ă  profissĂŁo, todos os jornalistas sĂŁo tambĂ©m alarmistas: este Ă© o seu modo de se tornarem interessantes. No entanto, mediante tal expediente acabam por se igualar aos cĂŁezinhos que, tĂŁo logo percebem algum movimento, põem-se a latir fortemente. Sendo assim, Ă© preciso dar aos seus sinais de alerta apenas a atenção necessária para nĂŁo prejudicar a prĂłpria digestĂŁo.