Poemas sobre AmĂȘndoas

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Poemas de amĂȘndoas escritos por poetas consagrados, filĂłsofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Alexandra

HĂĄ pequenas aves que tĂȘm raĂ­zes nas palavras,
essas palavras que nĂŁo ficam arrumadas com decĂȘncia
na literatura,
palavras de amantes sem amor, gente que sofre
e a quem falta o ar quando faltam as palavras.
Quando digo o teu nome hĂĄ uma ave que levanta voo
como se tivesse nascido o dia e uma brisa
encarcerada nas amĂȘndoas se soltasse para a impelir
para o mais frio, para o mais alto, para o mais azul.
Quando volto para casa o teu nome vai comigo
e ao mesmo tempo espera-me jĂĄ
numa casa construĂ­da com dois nomes,
como se tivesse duas frentes,
uma para a montanha e outra para o mar.
Por vezes dou-te o meu nome e fico com o teu,
espreito entĂŁo pelas janelas de onde
se vĂȘem coisas que nunca antes tinha visto,
coisas que adivinhava mas que nĂŁo sabia,
coisas que sempre soube mas que nunca quis olhar.
Nessas alturas o meu nome Ă© o teu olhar,
e os meus olhos sĂŁo justamente a pronĂșncia do
teu nome que se diz com um pequeno brilho molhado,

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A Dama de Elche

Seus olhos
pararam no limiar. Mas a morte
participa também do mistério da vida,
e essas amĂȘndoas que mantĂ©m
explĂ­citas ao nada, anunciam
outra ĂĄrvore em nĂłs.

Toda a feição jå se concentra
no que os olhos nĂŁo dizem. Antes
fossem fechados,
como os lĂĄbios na dureza do mento,
e a ciĂȘncia ou a razĂŁo que nos perturba
nĂŁo deixariam no berloque aguerrido
essa espantosa serenidade gélida de amor.

Mulher-senhora. MĂŁe?
Nos adornos
da espera, (nossa
a dĂșvida) fica a vida
que freme, e os abismos
que a beleza flanqueiam. Até que os pés
alados
despertem a princesa. EntĂŁo,
Deus a recolhe,
e roça
nossas parcas medidas. A morte
desancora. Pela rigidez
da inacessĂ­vel mĂĄscara, escorre
como as chuvas
o seu Ă­ntimo trabalho de existir.

Cavalo Ă  solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denĂșncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo Ă  solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amĂȘndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

Retrato de Amigo

Por ti falo. E ninguém sabe. Mas eu digo
meu irmĂŁo    minha amĂȘndoa    meu amigo
meu tropel de ternura    minha casa
meu jardim de carĂȘncia    minha asa.

Por ti morro e ninguém pensa. Mas eu sigo
um caminho de nardos empestados
uma intensa e terrĂ­fica ternura
rodeado de cardos por muitĂ­ssimos lados.

Meu perfume de tudo    minha essĂȘncia
meu lume    minha lava    meu labéu
como Ă© possĂ­vel nĂŁo chegar ao cume
de tão lavado céu?