Desde a Aurora

Como um sol de polpa escura
para levar Ă  boca,
eis as mĂŁos:
procuram-te desde o chĂŁo,

entre os veios do sono
e da memĂłria procuram-te:
Ă  vertigem do ar
abrem as portas:

vai entrar o vento ou o violento
aroma de uma candeia,
e subitamente a ferida
recomeça a sangrar:

Ă© tempo de colher: a noite
iluminou-se bago a bago: vais surgir
para beber de um trago
como um grito contra o muro.

Sou eu, desde a aurora,
eu — a terra — que te procuro.