Poemas sobre Beijos de Judith Teixeira

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Poemas de beijos de Judith Teixeira. Leia este e outros poemas de Judith Teixeira em Poetris.

Mais Beijos

Devagar…
outro beijo… ou ainda…
O teu olhar, misterioso e lento,
veio desgrenhar
a cálida tempestade
que me desvaira o pensamento!

Mais beijos!…
Deixa que eu, endoidecida,
incendeie a tua boca
e domine a tua vida!

Sim, amor..
deixa que se alongue mais
este momento breve!…
— que o meu desejo subindo
solte a rubra asa
e nos leve!

As Tuas MĂŁos

Pálido, extático,
olhavas para mim.
E as tuas mĂŁos raras,
de linhas estilizadas,
poisavam abandonadas
sobre os tons liriais do meu coxim…

Os meus olhos de sonho
ficaram presos tristemente
Ă s tuas mĂŁos!…
– MĂŁos de doente,
mãos de asceta…
E eu que amo e quero a rubra cor dos sĂŁos,
tombei-me a contemplá-las
numa atitude cismadora e quieta…

Depois aqueles beijos que lhe dei,
unindo-as, ansiosa, Ă  minha boca
torturada e aflita,
tiveram a amargura
suavemente doce
duma dor bendita!

MĂŁos de renĂşncia! MĂŁos de amargor!
… E as tuas lindas mãos, nostálgicas e frias,
tristes cadáveres
de ilusĂŁo e dor,
nĂŁo puderam entender
a febre exaltada
e torturante
que abrasava
as minhas mĂŁos
delicadas,
– as minhas mĂŁos de mulher!

Bailados do Luar

PĂ©talas de rosas
tombam lentamente, silenciosas…
E de vagar
vem entrando
a farândola rítmica
e silente
dos gĂłticos bailados do luar!…

Sobre as dobras macias
e assediantes
da seda do meu leito desmanchado,
esguias sombras
adelgaçando afagos,
poisam no meu peito desvestido…
E a boca hipnĂłtica e algente
do meu luarento amante,
vai esculpindo o meu corpo
pálido e vencido!…

No espaço azul e vago,
esvoaça subtiltmente
a cálida lembrança
da tua voz!

Busco a verdade viva do teu beijo
e encontro apenas
esta estranha heresia,
crispando o alvo recorte
do meu corpo magoado!…

Estilhaçam-se, vibrando
numa ânsia doentia,
os meus nervos nostálgicos,
irreverentes
empalidecendo
em dolĂŞncias inocentes
o rubor do meu desejo
insaciado…

As rosas vĂŁo tombando lentamente,
devagar,
sobre a carĂ­cia dormente
e embruxada…
dos espásmicos beijos do luar…
Oiço a tua voz
em toda a parte!

E perco-me dentro dos meus próprios braços,
tumultuosos e exigentes,

a procurar-te!

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IlusĂŁo

Vens todas as madrugadas
prender-te nos meus sonhos,
—estátua de Bizâncio
esculpida em neve!
e poisas a tua mâo
mavia e leve
nas minhas pálpebras magoadas…

Vens toda nua, recortada em graça
rebrilhante, iluminada!
Vejo-te cegar
como uma alvorada
de sol!…
E o meu corpo freme,
e a minha alma canta,
como um enamorado rouxinol!

Sobre a nudez moça do teu corpo,
dois cisnes erectos
quedam-se cismando em brancas estesias
e na seda roxa
do meu leito,
em rúbidos clarões,
nascem, maceradas,
as orquĂ­deas vermelhas
das minhas sensações!…

És linda assim; toda nua,
no minuto doce
em que me trazes
a clara oferta do teu corpo
e reclamas firmemente
a minha posse!…

Quero prender-me Ă  mentira loira
do teu grácil recorte…
E os teus beijos perfumados,
nenĂşfares desfolhados
pela rajada dominante e forte
das minhas crispações,
tombam sobre eu meus nervos
partidos… estilhaçados!

……………………….

Acordo. E os teus braços,
muito ao longe,
desfiam ainda
a cabeleira fulva
do sol
por sobre os oiros adormecidos
da minha alcova…

VisĂŁo bendita!

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Sinfonia Hibernal

Adoro o inverno.
Envolvo-me assim mais no teu carinho,
friorenta e louca…
Nascem-me na alma os beijos
que se vĂŁo aninhar na tua boca!…
Gosto da neve
a diluir-se ao sol
em risos de cristal!
Vem-me turbar a ânsia do teu rogo…
E a neve fulgente
dos meus dentes trémulos,
vai fundir-se na taça ardente,
rubra e original,
na qual eu bebo os teus beijos em fogo!
Tu adormentas a minha dor
na doce sombra dos teus cabelos,
e eu envolvo-me toda nos teus braços
para dormir e sonhar!…
– lá fora que nĂŁo deixe de chover,
e o vento que nĂŁo deixe de clamar!
Deixá-lo gritar!
Que importa o seu clamor,
se me abrasa o teu olhar
vivĂ­ssimo?!…
Atei, meu amor, o fogo em que me exalto…
– Enrola-me mais…
ainda mais… no teu afago;
que esta alegria do nosso amor
suavĂ­ssimo,
será mais forte e gritará mais alto!

Rosas Vermelhas

Que estranha fantasia!
Comprei rosas encarnadas
Ă s molhadas
dum vermelho estridente,
tĂŁo rubras como a febre que eu trazia…
– E vim deitá-las contente
na minha cama vazia!

Toda a noite me piquei
nos seus agudos espinhos!
E toda a noite as beijei
em desalinhos…

A janela toda aberta
meu quarto encheu de luar…
– Na roupa branca de linho,
as rosas,
sĂŁo corações a sangrar…

Morrem as rosas desfolhadas…
Matei-as!
Apertadas
Ă s mĂŁos-cheias!

Alvorada!
Alvorada!
Veio despertar-me!
Vem acordar-me!

Eu vou morrer…
E nĂŁo consigo desprender
dos meus desejos,
as rosas encarnadas,
que morrem esfarrapadas,
na fĂşria dos meus beijos!

Saudade

Segue-me noite e dia o teu desejo!…
Oiço a tua voz rúbida e cantante
Suplicar-me a carĂ­cia do meu beijo,
numa teima exigente e perturbante!

E o meu corpo vencido, dominado,
vai tombar doloroso, inconsciente,
sobre a lembrança morna do passado
– e fica-se a sonhar… perdidamente!