Poemas sobre Caminhos de Daniel Faria

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Poemas de caminhos de Daniel Faria. Leia este e outros poemas de Daniel Faria em Poetris.

Tenho Saudades do Calor Ăł MĂŁe

Tenho saudades do calor Ăł mĂŁe que me penteias
Ó mãe que me cortas o cabelo — o meu cabelo
Adorna-te muito mais do que os anéis

Då-me um pouco do teu corpo como herança
Uma porção do teu corpo glorioso — não o que já tenho —
O que em ti jĂĄ contempla o que os santos vĂȘem nos cĂ©us
Då-me o pão do céu porque morro
Faminto, morro Ă  mĂ­ngua do alto

Tenho saudades dos caminhos quando me deixas
Em casa. Padeço tanto
Penso tanto
Canto tĂŁo alto quando calculo os corpos celestes

Ó infinita ó infinita mãe

Quero a Fome de Calar-me

Quero a fome de calar-me. O silĂȘncio. Único
Recado que repito para que me não esqueça. Pedra
Que trago para sentar-me no banquete

A Ășnica glĂłria no mundo — ouvir-te. Ver
Quando plantas a vinha, como abres
A fonte, o curso caudaloso
Da vergîntea — a sombra com que jorras do rochedo

Quero o jorro da escrita verdadeira, a dolorosa
Chaga do pastor
Que abriu o redil no prĂłprio corpo e sai
Ao encontro da ovelha separada. Cerco

Os sentidos que dispersam o rebanho. Estendo as direcçÔes, estudo-lhes
A flor — várias árvores cortadas
Continuam a altear os pĂĄssaros. Os caminhos
Seguem a linha do canivete nos troncos

As mãos acima da cabeça adornam
As águas nocturnas — pequenos
NenĂșfares celestes. As estrelas como as pinhas fechadas

Caem — quero fechar-me e cair. O silĂȘncio
Alveolar expira — e eu
Estendo-as sobre a mesa da aliança

Amo o Caminho que Estendes

Amo o caminho que estendes por dentro das minhas divisÔes.
Ignoro se um pĂĄssaro morto continua o seu voo
Se se recorda dos movimentos migratĂłrios
E das estaçÔes.
Mas nĂŁo me importo de adoecer no teu colo
De dormir ao relento entre as tuas mĂŁos.