Poemas sobre Canto de Daniel Faria

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Poemas de canto de Daniel Faria. Leia este e outros poemas de Daniel Faria em Poetris.

Tenho Saudades do Calor Ăł MĂŁe

Tenho saudades do calor Ăł mĂŁe que me penteias
Ó mãe que me cortas o cabelo — o meu cabelo
Adorna-te muito mais do que os anéis

Dá-me um pouco do teu corpo como herança
Uma porção do teu corpo glorioso — não o que já tenho —
O que em ti já contempla o que os santos vêem nos céus
Dá-me o pão do céu porque morro
Faminto, morro Ă  mĂ­ngua do alto

Tenho saudades dos caminhos quando me deixas
Em casa. Padeço tanto
Penso tanto
Canto tĂŁo alto quando calculo os corpos celestes

Ă“ infinita Ăł infinita mĂŁe

Eu Peneiro o EspĂ­rito e Crivo o Ritmo

Eu peneiro o espĂ­rito e crivo o ritmo
Do sangue no amor, o movimento para fora
O desabrigo completo. Peneiro os mĂşltiplos
Sentidos da palavra que sopra a sua voz
Nos pulsos. Crivo a pulsação do canto
E encontro
O silêncio inigualável de quem escuta

Eis porque as minhas entranhas vibram de modo igual
Ao da cĂ­tara

Eu peneiro as entranhas e encontro a dor
De quem toca a cítara. A frágil raiz
De quem criva horas e horas a vida e encontra
A corda mais azul, a veia inesgotável
De quem ama
Encontro o silĂŞncio nas entranhas de quem canta

Eis porque o amor vibra no espĂ­rito de quem criva

O mĂşsico incompleto peneira a ideia das formas
Eu sopro a água viva. Crivo
O sofrimento demorado do canto
Encontro o mistério
Da cĂ­tara

Sem outra Palavra para Mantimento

Sem outra palavra para mantimento
Sem outra força onde gerar a voz
Escada entre o poço que cavaste em mim e a sede
Que cavaste no meu canto, amo-te
Sou cĂ­tara para tocar as tuas mĂŁos.
Podes dizer-me de um fĂ´lego
Frase em silĂŞncio
Homem que visitas
Ă“ seiva aspergindo as partĂ­culas do fogo
O lume em toda a casa e na paisagem
Fora da casa
Pedra do edifĂ­cio aonde encontro
A porta para entrar
Candelabro que me vens cegando.
Sol
Que quando és nocturno ando
Com a noite em minhas mĂŁos para ter luz.