Citações sobre Mesas

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Frases sobre mesas, poemas sobre mesas e outras citações sobre mesas para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Sentado aqui, a escrever à minha mesa, com as minhas canetas e lápis, etc., de repente me sobrevêm o mistério do universo e páro, tremo, temo, desejo neste momento deixar de sentir, esconder-me, bater com a cabeça na parede. Feliz aquele que pode pensar em profundidade, mas sentir assim tão em profundidade é uma maldição. Como poderei descrevê-lo? Horror sobre horror…

Recusa

a Alberto de Serpa

Serei sempre um poeta provinciano.
Um poeta triste, esquivo,
Com medo de apertar a mão aos poetas da cidade
E de me sentar com eles
À mesa do Café.
Não falarei de minha poesia.
Não rimarei minha angústia
Com a solenidade de suas questões.
A poesia não está na discussão.
A poesia não está no não estar com este ou com aquele.
A poesia está em matar esta morte
Que anda dentro de nós
Para que a vida renasça.
A poesia está em gritar do alto dos arranha-céus
E das planuras e concavidades sertanejas
Que o mundo vai acabar
Que o mundo está maduro para o sangue
Que o mundo perverso e caótico vai vagar.
Serei sempre um poeta provinciano.
Um poeta esquivo defendendo sua solidão
De todos os truques de todos os ódios de todas as invejas.
Os poetas rendilheiros não perdoarão.
Os poetas vaidosos vão barafustar
E exigir a expulsão imediata
Do último vendilhão do Templo,
Em nome da religião,
Em nome da estética,
Em nome da dignidade amarfanhada,

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Entrei no café com um rio na algibeira

Entrei no café com um rio na algibeira
e pu-lo no chão,
a vê-lo correr
da imaginação…

A seguir, tirei do bolso do colete
nuvens e estrelas
e estendi um tapete
de flores
a concebê-las.

Depois, encostado à mesa,
tirei da boca um pássaro a cantar
e enfeitei com ele a Natureza
das árvores em torno
a cheirarem ao luar
que eu imagino.

E agora aqui estou a ouvir
A melodia sem contorno
Deste acaso de existir
-onde só procuro a Beleza
para me iludir
dum destino.

Os Poetas

Nunca os vistes
Sentados nos cafés que há na cidade,
Um livro aberto sobre a mesa e tristes,
Incógnitos, sem oiro e sem idade?

Com magros dedos, coroando a fronte,
Sugerem o nostálgico sentido
De quem rasgasse um pouco de horizonte
Proibido…

Fingem de reis da Terra e do Oceano
(E filhos são legítimos do vício!)
Tudo o que neles nos pareça humano
É fogo de artifício.

Por vezes, fecham-lhes as portas
— Ódio que a nada se resume —
Voltam, depois, a horas mortas,
Sem um queixume.

E mostram sempre novos laivos
De poesia em seu olhar…

Adolescentes! Afastai-vos
Quando algum deles vos fitar!

Um Infinito Domingo à Tarde

Regra geral, um ser humano agora vive tanto que acaba por arrastar muito mais penas do que as que lhe dizem respeito, e isso acaba por notar-se-lhe no rosto. Uma das consequências da crescente longevidade do habitante das sociedades desenvolvidas, em que, por outro lado, não se costuma pensar demasiado, é que, contrariamente ao que sucedia há algumas décadas, os velhos de hoje têm tempo para assistir à devastação da vida dos filhos, veem-nos praticamente envelhecer, fracassar, cansar-se da luta. Antes, na hora da morte dos pais, os filhos eram ainda fortes, tinham projetos, mulheres bonitas, um futuro aparentemente luminoso. Agora é fácil que um avô contemple antes de morrer o divórcio do neto (vê-o aos domingos sentar-se à mesa na casa da família, sem um cêntimo, com a camisa amarrotada), enquanto no mundo anterior a este, por razões de tempo, o neto não era mais do que uma criança que às vezes ia buscar ã escola, a quem dava a mão no regresso a casa e ajudava a conseguir nos alfarrabistas os cromos que lhe faltavam na sua coleção de futebolistas. Hoje, o velho que morre não abandona um mundo em marcha cheio de projetos e promessas, como sucedia dantes,

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Virtudes Ociosas e Bolorentas

Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me a uma mesa onde a comida era fina, os vinhos abundantes e o serviço impecável, mas onde faltavam sinceridade e verdade, e com fome me fui embora do inóspito recinto. A hospitalidade era fria como os sorvetes. Pensei que nem havia necessidade de gelo para conservá-los. Gabaram-me a idade do vinho e a fama da safra, mas eu pensava num vinho muito mais velho, mais novo e mais puro, de uma safra mais gloriosa, que eles não tinham e nem sequer podiam comprar.
O estilo, a casa com o terreno em volta e o «entretenimento» não representam nada para mim. Visitei o rei, mas ele deixou-me à espera no vestíbulo, comportando-se como um homem incapaz de hospitalidade. Na minha vizinhança havia um homem que morava no oco de uma árvore e cujas maneiras eram régias. Teria feito bem melhor visitando-o a ele.

As Tuas Lágrimas

As tuas lágrimas respiram e florescem, o lugar onde te sentas é o rio que corre em sobressalto por dentro de uma árvore, seiva renovada que transporta palavras até às folhas felizes de~um amor demorado e ainda puro. E essa ávore fala através das tuas palavras, demora-se em conversas com as abelhas, com os gaios, com o vento.
As tuas lágrimas iluminam as páginas alucinadas dos livros de poesia, e as mesas claras tão cheias de frutos que se assemelham a fogueiras ruivas, alimento privilegiado de um imenso e intenso dragão que me aquece o sangue.
As tuas lágrimas transbordam os grandes lagos dos meus olhos e eu choro contigo os grandes peixes da ternura, esses mesmos peixes que são os arquitectos perturbados de uma relação sem tempo mas alimentada por primaveras que de tão altas são inquestionáveis.
As tuas lágrimas fertilizam as searas celestes, arrefecem o movimento dos vulcões, absorvem toda a beleza do arco-íris, embebedam-se com a doçura das estrelas. E são oferendas à mãe terra, o reconhecimento final do princípio do nosso pequeno mundo. As tuas lágrimas são minhas amigas. São as minhas lágrimas. A forma de chorar-te cheio de alegria, ferido por esta felicidade de amar-te muito,

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A Meu Pai Depois De Morto

Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra.
Em seus lábios que os meus lábios osculam
Micro-organismos fúnebres pululam
Numa fermentação gorda de cidra.

Duras leis as que os homens e a hórrida hidra
A uma só lei biológica vinculam,
E a marcha das moléculas regulam,
Com a invariabilidade da clepsidra!…

Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos
Roída toda de bichos, como os queijos
Sobre a mesa de orgíacos festins!…

Amo meu Pai na atômica desordem
Entre as bocas necrófagas que o mordem
E a terra infecta que lhe cobre os rins!

Para a escrita de um texto literário, ter uma ideia é tão importante como ter um computador. Conseguir uma mesa é facultativo mas tem a sua importância. Uma folha de papel de nada serve sem uma esferográfica ou um lápis. Para escrever um texto literário, é absolutamente essencial escrevê-lo.

O talento é mais barato do que o sal de mesa. O que separa a pessoa com talento da que tem êxito é um monte de trabalho.

A Lágrima

7

Tornamo-la espelho. Certa, vem
dos dias longos, gastos, fulgurante
traçando o curso: aí, diante
do vidro se encontra, se retém

sobre a mesa, leve, a dor. De quantos
golpes, e sorrisos, se constrói? In-
dizível parte, e passa, e fin-
da alva, algures – se longe, tantos

olhos a espiam. Que som havia
antes, tal espaço? Palavra ou
tão só a noite? E (ainda) leda

se desdobra, a: sinal, ave, fria
corre, imagem dura que secou
no sulco, vão: a lágrima, a queda.

Diante da imponente erudição de tais sabições, às vezes digo para mim mesmo: ah, essa pessoa deve ter pensado muito pouco para poder ter lido tanto! Até mesmo quando se relata, a respeito de Plínio, o Velho, que ele lia sem parar ou mandava que lesse para ele, seja à mesa, em viagens ou no banheiro, sinto a necessidade de me perguntar se o homem tinha tanta falta de pensamentos próprios que era preciso um afluxo contínuo de pensamentos alheios, como é preciso dar a quem sofre de tuberculose um caldo para manter sua vida.

O Pão

Não é ainda um seio
mas quase. Na brancura.
Porém, onda de leite
a branca levedura.

Um mecanismo incerto
de ferro e madrugada.
A fome e o excesso
futuros. Na seara.

A fome e a carência
de sol(o) para a boca.
Não é ainda um campo
de areia. Ou terra solta.

Um campo descampado
um canto com bolor.
É arte que se move
minéria como a água.

Engenho de palato.
Alvéolo de pulmão.
Respira-se o exemplo
de sol. Oxigénio.

Não é ainda um círculo
branco por toda a mesa:
manchado na toalha
de sombra e aspereza.

Não é ainda uma ave
descendo sobre a pele:
um mecanismo triste
movendo a boca breve.

A boa educação não está tanto no facto de não derramar molho sobre a toalha de mesa, mas em não perceber se outra pessoa o faz.

Obsessão do Mar Oceano

Vou andando feliz pelas ruas sem nome…
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano…
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas… e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral…
Búzios calçando portas… caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos…
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su’alma perdida e vaga na neblina…
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos…
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas…
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.

O Mundo Tem um Focinho

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Não penses que o mundo tem para ti um rosto,
uma fisionomia de dócil empregado de mesa
ou de mulher bela;
a vida — e o mundo a que está agarrada —
tem sim um focinho. E esses beiços grossos
(que jamais incitam à música)
desde que nasces, como um juiz de cara
deformada, observam e julgam os teus comportamentos.

31
Em média: as pessoas aperfeiçoam mais os engenhos
mecânicos da corrupção e das traições mesquinhas
que os da hospitalidade. Os perigos
que observam um corpo são produzidos incessantemente
em qualquer fábrica desconhecida
mas eficaz.
Há muito perigo no mundo
— terás pois (não te aborreças já) a tua bela parte.

Gonçalo M.

Saber Falar às Multidões

Longos discursos, agitar de punhos, socos na mesa, e resoluções expressas com emoção mas desligadas das condições objectivas, não produzem acção de massas e podem provocar grande dano à organização e à luta que servimos.
(…) Há uma fase na vida de todo o reformador social em que ele troveja nas tribunas, principalmente para se livrar de informação mal digerida que se lhe acumulou na cabeça, uma tentativa para impressionar as multidões, em vez de iniciar uma exposição calma e simples de princípios e ideias, cuja verdade universal se evidencia pela experiência pessoal e estudo mais aprofundado.