Cada um de nós é vários, é muitos, é uma prolixidade de si mesmos.
Passagens de Fernando Pessoa
1382 resultadosA arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.
Tudo quanto buscamos, buscamo-lo por uma ambição, mas essa ambição ou não se atinge, e somos pobres, ou julgamos que a atingimos, e somos loucos ricos.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos, Mas nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência, Nunca ao defeito de exigir do Mundo Que fosse qualquer cousa que não fosse o Mundo.
Não escrevo em português. Escrevo eu mesmo.
Lamento dizer que detecto em mim a indicação de que se tivesse nascido em Espanha há uns (…) séculos, poderia ter dado um excelente inquisidor.
Como tudo dói se o pensamos como conscientes de pensar, como seres espirituais em que se deu aquele desdobramento da consciência pelo qual sabemos que sabemos!
A única maneira de teres sensações novas é construíres-te uma alma nova.
Com um charuto caro e os olhos fechados é ser rico.
Nunca tive dinheiro para poder ter tédio à vontade.
Nada é paradoxo. Tudo é verdade. A vida é mais subtil do que nós pensamos.
Que sonhos?… Eu não sei se sonhei… Que naus partiram, para onde? Tive essa impressão sem nexo porque no quadro fronteiro Naus partem – naus não, barcos, mas as naus estão em mim.
O escrúpulo é a morte da acção. Pensar na sensibilidade alheia é estar certo de não agir.
Dar a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma.
Sou feito das ruínas do inacabado e é uma paisagem de desistências que definiria meu ser.
Muitos creem coisas falsas ou incompletas de mim; e eu, falando com eles, faço tudo por deixá-los continuar nessa crença. Perante um que me julgue um mero critico, eu só falo crítica. A principio fazia isto espontaneamente. Depois decidi que isto era porque, no meu perpétuo anseio de não levantar atritos, (…).
Não posso aceitar Jeová, nem a humanidade. Cristo e o progresso são para mim mitos do mesmo mundo. Não creio na Virgem Maria nem na electricidade.
A sublimidade de desperdiçar uma vida que podia ser útil, de nunca executar uma obra que por força seria bela, de abandonar a meio caminho a estrada certa da vitória!
Não confessar nunca o que intimamente se passa convosco. Quem confessa é um débil.
Já não me importo
Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda ireiIndiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.E só me não cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.