Poemas sobre Canto de Pablo Neruda

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Poemas de canto de Pablo Neruda. Leia este e outros poemas de Pablo Neruda em Poetris.

A Vulgar Que Passou

NĂŁo eras para os meus sonhos, nĂŁo eras para a minha vida,
nem para os meus cansaços perfumados de rosas,
nem para a impotĂȘncia da minha raiva suicida,
nĂŁo eras a bela e doce, a bela e dolorosa.

NĂŁo eras para os meus sonhos, nĂŁo eras para os meus cantos,
nĂŁo eras para o prestĂ­gio dos meus amargos prantos,
nĂŁo eras para a minha vida nem para a minha dor,
nĂŁo eras o fugitivo de todos os meus encantos.
NĂŁo merecias nada. Nem o meu ĂĄspero desencanto
nem sequer o lume que pressentiu o Amor.

Bem feito, Ă© muito bem feito que tenhas passado em vĂŁo
que a minha vida nĂŁo se tenha submetido ao teu olhar,
que aos antigos prantos se nĂŁo tenha juntado
a amargura dolente de um estéril chorar.

Tu eras para o imbecil que te quisesse um pouco.
(Oh! meus sonhos doces, oh meus sonhos loucos!)
Tu eras para um imbecil, para um qualquer
que nĂŁo tivesse nada dos meus sonhos, nada,
mas que te daria o prazer animal
o curto e bruto gozo do espasmo final.

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Velho Cego, Choravas

Velho cego, choravas quando a tua vida
era boa, e tinhas em teus olhos o sol:
mas se tens jĂĄ o silĂȘncio, o que Ă© que tu esperas,
o que Ă© que esperas, cego, que esperas da dor?

No teu canto pareces um menino que nascera
sem pés para a terra e sem olhos para o mar
como os das bestas que por dentro da noite cega
– sem dia ou crepĂșsculo – se cansam de esperar.

Porque se conheces o caminho que leva
em dois ou trĂȘs minutos atĂ© Ă  vida nova,
velho cego, que esperas, que podes esperar?

Se pela mais torpe amargura do destino,
animal velho e cego, nĂŁo sabes o caminho,
eu que tenho dois olhos to posso ensinar.

Tradução de Rui Lage