Poemas sobre Cavalos de Ary dos Santos

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Poemas de cavalos de Ary dos Santos. Leia este e outros poemas de Ary dos Santos em Poetris.

Cavalo Ă  solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denĂșncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo Ă  solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amĂȘndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

Meu Camarada e Amigo

Revejo tudo e redigo
meu camarada e amigo.
Meu irmĂŁo suando pĂŁo
sem casa mas com razĂŁo.
Revejo e redigo
meu camarada e amigo

As cançÔes que trago prenhas
de ternura pelos outros
saem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser serva
homem não pode ser caça
e a poesia tem de ser
como um cavalo que passa.

É por dentro desta selva
desta raiva   deste grito
desta toada que vem
dos pulmÔes do infinito
que em todos vejo ninguém
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e amigo.

Sei bem as mĂłs que moendo
pouco a pouco trituraram
os ossos que estĂŁo doendo
Ă queles que nĂŁo falaram.

Calculo até os moinhos
puxados a Ăłdio e sal
que a par dos monstros marinhos
vĂŁo movendo Portugal
— mas um poeta só fala
por sofrimento total!

Por isso calo e sobejo
eu que sĂł tenho o que fiz
dando tudo mas Ă  toa:
Amigos no Alentejo
alguns que estĂŁo em Paris
muitos que sĂŁo de Lisboa.

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