Poemas sobre Ousadia

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Poemas de ousadia escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

O Macho

O macho nĂŁo Ă© menos a alma,
nem Ă© mais:
ele também estå no seu lugar,
ele também é todo qualidades,
é acção e força,
nele se encontra
o fluxo do universo conhecido,
fica-lhe bem o desdém,
ficam-lhe bem os apetites e a ousadia,
o maior entusiasmo e as mais profundas paixÔes
ficam-lhe bem: o orgulho cabe a ele,
orgulho de homem Ă  potĂȘncia mĂĄxima
Ă© calmante e excelente para a alma,
fica-lhe bem o saber e ele o aprecia sempre,
tudo ele chama Ă  experiĂȘncia prĂłpria,
qualquer que seja o terreno,
quaisquer que sejam o mar e o vento,
no fim Ă© aqui que ele faz a sondagem.
(Onde mais lançaria ele a sonda,
senĂŁo aqui?)

Sagrado Ă© o corpo do homem
como sagrado Ă© o corpo da mulher,
sagrado — não importa de quem seja.
É o mais humilde numa turma de operários?
É um dos imigrantes de face turva
apenas desembarcados no cais?
SĂŁo todos daqui ou de qualquer parte,
da mesma forma que os bem situados,
da mesma forma que qualquer um de vocĂȘs:
cada qual hĂĄ-de ter na procissĂŁo
o lugar dele ou dela.

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Mensagem – Mar PortuguĂȘs

MAR PORTUGUÊS

Possessio Maris

I. O Infante

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, jĂĄ nĂŁo separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te portuguĂȘs.
Do mar e nĂłs em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

II. Horizonte

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
’Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em ĂĄrvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, hĂĄ aves,

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Cavalo Ă  solta

Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denĂșncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo Ă  solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amĂȘndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.

Faz Tempo que Aportei Aqui

Faz tempo que aportei aqui,
nesta vida gorda, de algibeira rasa.
PeĂŁo de sonhos, pastor de auroras,
os reinos conquistados foram meus.
Vesti-me de certeza, de ousadias,
fui peregrino silente entre silĂȘncios.
Meus cantares ecoaram nas planĂ­cies,
vibraram meus acenos noutros céus.
Se as tardes floresciam nos vergéis,
luzes ali ardentes se acendiam.
JĂĄ distante, embora,
este sol radiante
sucumbe, agora,
ao punhal do tempo.