Poemas sobre Chuva de Federico GarcĂ­a Lorca

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Poemas de chuva de Federico GarcĂ­a Lorca. Leia este e outros poemas de Federico GarcĂ­a Lorca em Poetris.

Cacida da Mulher Estendida

Despida ver-te Ă© recordar a terra.
A terra lisa, limpa de cavalos.
A terra sem um junco, forma pura
ao futuro cerrada: argĂŞntea fĂ­mbria.

Despida ver-te é compreender a ânsia
da chuva que procura débil talhe,
ou a febre do mar de imenso rosto
sem a luz encontrar de sua face.

O sangue soará pelas alcovas
e virá com espada fulgurante,
mas tu não saberás onde se oculta
o coração de sapo ou a violeta.

Teu ventre Ă© uma luta de raĂ­zes,
teus lábios, uma aurora sem contorno,
por sob as rosas tépidas da cama
os mortos gemem esperando vez.

Tradução de Oscar Mendes

Gazel do Amor Desesperado

A noite nĂŁo quer vir
para que tu nĂŁo venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei,
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.

Mas tu virás
com a lĂ­ngua queimada pela chuva de sal.

O dia nĂŁo quer vir
para que tu nĂŁo venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.

Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.

Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.
Tradução de Oscar Mendes