Certeza Ănica Ă© o Mal Presente
Pois que nada que dure, ou que, durando,
Valha, neste confuso mundo obramos,
E o mesmo Ăștil para nĂłs perdemos
Conosco, cedo, cedo.O prazer do momento anteponhamos
Ă absurda cura do futuro, cuja
Certeza Ășnica Ă© o mal presente
Com que o seu bem compramos.AmanhĂŁ nĂŁo existe. Meu somente
Ă o momento, eu sĂł quem existe
Neste instante, que pode o derradeiro
Ser de quem finjo ser?
Poemas sobre Cura de Ricardo Reis
4 resultadosEm Ti como nos Outros Creio
NĂŁo a Ti, Cristo, odeio ou te nĂŁo quero.
Em ti como nos outros creio deuses mais velhos.
SĂł te tenho por nĂŁo mais nem menos
Do que eles, mas mais novo apenas.Odeio-os sim, e a esses com calma aborreço,
Que te querem acima dos outros teus iguais deuses.
Quero-te onde tu stĂĄs, nem mais alto
Nem mais baixo que eles, tu apenas.Deus triste, preciso talvez porque nenhum havia
Como tu, um a mais no PanteĂŁo e no culto,
Nada mais, nem mais alto nem mais puro
Porque para tudo havia deuses, menos tu.Cura tu, idĂłlatra exclusivo de Cristo, que a vida
Ă mĂșltipla e todos os dias sĂŁo diferentes dos outros,
E sĂł sendo mĂșltiplos como eles
‘Staremos com a verdade e sĂłs.
O Ritmo Antigo que Hå em Pés Descalços
O ritmo antigo que hå em pés descalços,
Esse ritmo das ninfas repetido,
Quando sob o arvoredo
Batem o som da dança,
VĂłs na alva praia relembrai, fazendo,
Que ‘scura a ‘spuma deixa; vĂłs, infantes,
Que inda nĂŁo tendes cura
De ter cura, responde
Ruidosa a roda, enquanto arqueia Apolo
Como um ramo alto, a curva azul que doura,
E a perene maré
Flui, enchente ou vazante.
Cura de Ser quem Ăs
Ninguém a outro ama, senão que ama
O que de si hĂĄ nele, ou Ă© suposto.
Nada te pese que nĂŁo te amem. Sentem-te
Quem és, e és estrangeiro.
Cura de ser quem és, amam-te ou nunca.
Firme contigo, sofrerĂĄs avaro
De penas.