Poemas Exclamativos de Ă‚ngelo de Lima

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Sozinho

Quando eu morrer m’envolva a Singeleza,
Vá sem Pompa a caminho do coval,
Acompanhe-me apenas a tristeza
NĂŁo vá do bronze o som de val’ em val!

Chore o céu sobre mim de orvalho as bagas
Luz do sol-posto fulja em seu cristal,
Cantem-me o «dorme em paz» ao longe as vagas.

Gemente a viração entoe o «Amém»
Vá assim tĂ© ermas, afastadas plagas…
Lá… fique eu sĂł!
Não volte lá ninguém!

Olhos de Lobas

Teus olhos lembram cĂ­rios
Acesos n’um cemitĂ©rio…

TĂŞm um fulgor estranho singular
Os teus olhos febris… Incendiados!…

Como os Clarões Finais… – Exaustinados
Dos restos dos archotes, desdeixados…
— Nas criptas d’um Jazigo Tumular!…

— Como a Luz que na Noute Misteriosa
— Fantástica – Fulgisse nas Ogivas
Das Janelas de Estranho MausolĂ©u!…

— MausolĂ©u, das Saudades do Ideal!…
— Oh Saudades… Oh Luz Transcendental!
— Oh memĂłrias saudosas do Ido ao CĂ©u!…

— Oh PĂ©rpetuas Febris!… – Oh Sempre Vivas!…
— Oh Luz do Olhar das Lobas Amorosas!…

O Mar

Semelhante a Algum Monstro, Quando Dorme
— O Mar… Era sombrio, Vasto, Enorme…
— Arfando Demorado,
— Imenso sob os Céus!

— Tal Imenso e Sombrio, O Mar Seria
— E assim, Em Vagas Tristes Arfaria
No Tempo EM que o EspĂ­rito de Deus
— Sobre Ele era Levado!

Dizem os Sábios

Dizem os sábios que já nada ignoram
Que alma, Ă© um mito!…
Eles que há muito, em vão, dos céus exploram
O almo infinito…
Eles, que nunca achavam no ente humano
Mais que esta face
De ser finito, orgânico, o gusano
Que morre e nasce,
Fundam-se na razĂŁo.
E a razĂŁo erra!…

Quem da lagarta a rastejar na terra
Pode supor,
Sonhar sequer, que um dia há-de nascer
A borboleta, aquela alada flor
Matiz dos céus?
Sábios, achai em vão o pode ser
Saber… sĂł Deus.

O homem rasteja, semelhante ao verme
Por que não há-de a paz da sepultura
– Quanto labor sob a aparente calma!
Servir d’abrigo Ă quele ser inerme,
De que há-de um dia após tarefa oscura
Surgir vivaz, alada e flor, a Alma.