Poemas sobre Extremos de Machado de Assis

2 resultados
Poemas de extremos de Machado de Assis. Leia este e outros poemas de Machado de Assis em Poetris.

Musa dos Olhos Verdes

Musa dos olhos verdes, musa alada,
Ó divina esperança,
Consolo do anciĂŁo no extremo alento,
E sonho da criança;

Tu que junto do berço o infante cinges
C’os fúlgidos cabelos;
Tu que transformas em dourados sonhos
Sombrios pesadelos;

Tu que fazes pulsar o seio Ă s virgens;
Tu que Ă s mĂŁes carinhosas
Enches o brando, tépido regaço
Com delicadas rosas;

Casta filha do céu, virgem formosa
Do eterno devaneio,
SĂŞ minha amante, os beijos meus recebe,
Acolhe-me em teu seio!

Já cansada de encher lânguidas flores
Com as lágrimas frias,
A noite vĂŞ surgir do oriente a aurora
Dourando as serranias.

Asas batendo Ă  luz que as trevas rompe,
Piam noturnas aves,
E a floresta interrompe alegremente
Os seus silĂŞncios graves.

Dentro de mim, a noite escura e fria
MelancĂłlica chora;
Rompe estas sombras que o meu ser povoam;
Musa, sĂŞ tu a aurora!

FĂ©

As orações dos homens
Subam eternamente aos teus ouvidos;
Eternamente aos teus ouvidos soem
Os cânticos da terra.

No turvo mar da vida,
Onde aos parcéis do crime a alma naufraga,
A derradeira bĂşssola nos seja,
Senhor, tua palavra.

A melhor segurança
Da nossa Ă­ntima paz, Senhor, Ă© esta;
Esta a luz que há de abrir à estância eterna
O fulgido caminho.

Ah ! feliz o que pode,
No extremo adeus Ă s cousas deste mundo,
Quando a alma, despida de vaidade,
VĂŞ quanto vale a terra;

Quando das glĂłrias frias
Que o tempo dá e o mesmo tempo some,
Despida já, — os olhos moribundos
Volta Ă s eternas glĂłrias;

Feliz o que nos lábios,
No coração, na mente põe teu nome,
E sĂł por ele cuida entrar cantando
No seio do infinito.