Poemas sobre Gotas de Alfredo Brochado

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Poemas de gotas de Alfredo Brochado. Leia este e outros poemas de Alfredo Brochado em Poetris.

Amor

Tu acendeste-me o lume,
Naquela tarde de frio. E do jardim,
Solitário e sombrio,
Vinha até mim
Um suave perfume
De goivos a morrer.

Sobre a cidade calma,
As nuvens, uma a uma,
Como flocos de espuma,
Passavam a correr.

Era uma tarde, das tardes mais frias!
E as coisas nĂŁo me sorriam.
Somente,
Doente,
Tu me sorrias.

Na vidraça, como gelo,
Soluçaram gotas de água.
Afaguei o teu cabelo,
Com alegria e com mágoa.

Era uma tarde sombria,
De luz bem singular.
Tarde tĂŁo fria,
Até parecia
Que tudo ia gelar.

Misticismo

Há dias, ao passar nas alamedas
Da minha terra, ao darem as trindades,
Pisando folhas, como velhas sedas,
Com os meus olhos cheios de saudades,

Há dias, quando eu fui nem sei por onde,
Entre lírios e tristes açucenas,
Ă€s horas em que o sol de nĂłs se esconde,
E repicam os sinos Ă s novenas,

Há dias, quando eu fui na tarde exangue,
Ouvindo a minha voz interior,
Faziam recordar gotas de sangue
Os derradeiros raios do sol-pĂ´r.

Bendita sejas, tarde harmoniosa,
Tarde da minha fé e do meu desejo,
Branda como uma pétala de rosa,
Ou como o aroma de um antigo beijo.