Poemas sobre Homens de Bertolt Brecht

3 resultados
Poemas de homens de Bertolt Brecht. Leia este e outros poemas de Bertolt Brecht em Poetris.

Louvor do Esquecimento

Bom Ă© o esquecimento.
SenĂŁo como Ă© que
O filho deixaria a mĂŁe que o amamentou?
Que lhe deu a força dos membros e
O retém para os experimentar.

Ou como havia o discĂ­pulo de abandonar o mestre
Que lhe deu o saber?
Quando o saber está dado
O discĂ­pulo tem de se pĂ´r a caminho.

Na velha casa
Entram os novos moradores.
Se os que a construíram ainda lá estivessem
A casa seria pequena de mais.

O fogĂŁo aquece. O oleiro que o fez
Já ninguém o conhece. O lavrador
NĂŁo reconhece a broa de pĂŁo.

Como se levantaria, sem o esquecimento
Da noite que apaga os rastos, o homem de manhĂŁ?
Como Ă© que o que foi espancado seis vezes
Se ergueria do chão à sétima
Pra lavrar o pedregal, pra voar
Ao céu perigoso?

A fraqueza da memória dá
Fortaleza aos homens.

Tradução de Paulo Quintela

O Horror de ser Pobre

Risco c’um traço
(Um traço fino, sem azedume)
Todos os que conheço, eu mesmo incluído.
Para todos estes nĂŁo me verĂŁo
Nunca mais
Olhar com azedume.

O horror de ser pobre!
Muitos gabavam-se que aguentariam, mas era ver-
-lhes as caras alguns anos depois!
Cheiros de latrina e papéis de parede podres
Atiravam abaixo homens de peitaça larga como toiros.
As couves aguadas
Destroem planos que fazem forte um povo.
Sem água de banho, solidão e tabaco
Nada há que exigir.
O desprezo do pĂşblico
Arruina o espinhaço.
O pobre
Nunca está sozinho. Estão todos sempre
A espreitar-lhe pra o quarto. Abrem-lhe buracos
No prato da comida. Não sabe pra onde há-de ir.
O céu é o seu tecto, e chove-lhe lá pra dentro.
A Terra enxota-o. O vento
NĂŁo o conhece. A noite faz dele um aleijado. O dia
Deixa-o nu. Nada é o dinheiro que se tem. Não salva ninguém.
Mas nada ajuda
Quem dinheiro nĂŁo tem.

Tradução de Paulo Quintela

Louvor do Aprender

Aprende o mais simples! Pra aqueles
Cujo tempo chegou
Nunca Ă© tarde de mais!
Aprende o abc, nĂŁo chega, mas
Aprende-o!   E não te enfades!
Começa! Tens de saber tudo!
Tens de tomar a chefia!

Aprende, homem do asilo!
Aprende, homem na prisĂŁo!
Aprende, mulher na cozinha!
Aprende, sexagenária!
Tens de tomar a chefia!

Frequenta a escola, homem sem casa!
Arranja saber, homem com frio!
Faminto, pega no livro: Ă© uma arma.
Tens de tomar a chefia.

NĂŁo te acanhes de perguntar, companheiro!
Não deixes que te metam patranhas na cabeça:
VĂŞ c’os teus prĂłprios olhos!
O que tu mesmo nĂŁo sabes
NĂŁo o sabes.
Verifica a conta:
És tu que a pagas.
Põe o dedo em cada parcela,
Pergunta: Como aparece isto aqui?
Tens de tomar a chefia.

Tradução de Paulo Quintela