Poemas sobre Ilusão de Pablo Neruda

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Poemas de ilusão de Pablo Neruda. Leia este e outros poemas de Pablo Neruda em Poetris.

Para o Meu Coração…

Para o meu coração basta o teu peito,
para a tua liberdade as minhas asas.
Da minha boca chegará até ao céu
o que dormia sobre a tua alma.

És em ti a ilusão de cada dia.
Como o orvalho tu chegas às corolas.
Minas o horizonte com a tua ausência.
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que no vento ias cantando
como os pinheiros e como os mastros.
Como eles tu és alta e taciturna.
E ficas logo triste, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.
Povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Eu acordei e às vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam na tua alma.

Grita

Amor, quando chegares à minha fonte distante,
cuida para que não me morda tua voz de ilusão:
que minha dor obscura não morra nas tuas asas,
nem se me afogue a voz em tua garganta de ouro.

Quando chegares, Amor
à minha fonte distante,
sê chuva que estiola,
sê baixio que rompe.

Desfaz, Amor, o ritmo
destas águas tranquilas:
sabe ser a dor que estremece e que sofre,
sabe ser a angústia que se grita e retorce.

Não me dês o olvido.
Não me dês a ilusão.
Porque todas as folhas que na terra caíram
me deixaram de ouro aceso o coração.

Quando chegares, Amor
à minha fonte distante,
desvia-me as vertentes,
aperta-me as entranhas.

E uma destas tardes – Amor de mãos cruéis -,
ajoelhado, eu te darei graças.

Tradução de Rui Lage