Poemas sobre InfĂąncia de Fernando Pessoa

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Poemas de infĂąncia de Fernando Pessoa. Leia este e outros poemas de Fernando Pessoa em Poetris.

O Maestro Sacode a Batuta

O maestro sacode a batuta,
A lĂąnguida e triste a mĂșsica rompe …

Lembra-me a minha infĂąncia, aquele dia
Em que eu brincava ao pé dum muro de quintal
Atirando-lhe com, uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cĂŁo verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo …

Prossegue a mĂșsica, e eis na minha infĂąncia
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cĂŁo verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo…

Todo o teatro Ă© o meu quintal, a minha infĂąncia
EstĂĄ em todos os lugares e a bola vem a tocar mĂșsica,
Uma mĂșsica triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cĂŁo verde tornando-se jockey amarelo…
(TĂŁo rĂĄpida gira a bola entre mim e os mĂșsicos…)

Atiro-a de encontra Ă  minha infĂąncia e ela
Atravessa o teatro todo que estå aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cĂŁo verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal…

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Pobre Velha MĂșsica!

Pobre velha mĂșsica!
NĂŁo sei por que agrado,
Enche-se de lĂĄgrimas
Meu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te,
NĂŁo sei se te ouvi
Nessa minha infĂąncia
Que me lembra em ti.

Com que Ăąnsia tĂŁo raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? NĂŁo sei:
Fui-o outrora agora.