Ode a LĂdia
Esta sĂşbita chuva que desaba
pela pele morena
de teu rosto
por teu riso por teus ombros
pelos teus longos
cabelos
cai na terra
— ouve bem —com o peso, o
doce peso de miléniosPois verdade é que outra
é a água
mas a mesma
(escorrendo pela
gloriosa nudez
de teu corpo)
mesmo o cheiro hĂşmido
da terra, mesmo
nas árvores
o áspero, esperado canto
de verĂŁoTudo, nada mudou
Pois verdade Ă© que outra
é a água
mas a mesma
(escorrendo pela
gloriosa nudez
de teu corpo)
mesmo o cheiro hĂşmido
da terra, mesmo
nas árvores
o áspero, esperado canto
de verĂŁoTudo, nada mudou
Bebe pois desta água
bebe
bebe com todo o teu corpo
até que toda te farte
bebe
até que te embriague
a milenar
experiĂŞncia
do planetaBebe e
(sábia)
colhe nas mĂŁos o momento
que esvoaça
— este breve momento em que
como duas crianças
somos
e amamos
Poemas de Jayro José Xavier
3 resultadosQuarenta Anos
Blocos de ouro branco na boca
fios de prata na barba
Ă“ tempo
me torno valioso
e nĂŁo me valhoDiz que amor Ă© urgente mas nĂŁo corro
diz que a vida Ă© agora mas nĂŁo ardo
nĂŁo tenho pressa
diante de mim, no
espelhoOstento, claro, uma testa mais larga
porém quem disse
que me tornei mais
sábio?
Essa Chuva de Inverno
Essa chuva de inverno, que fluĂa
por entre a verde várzea derramada,
já não flui sua linfa em terra fria,
que quente está do sal de que é salgada.
Aqui eterna Ă© a chuva, e nĂŁo se adia,
e a mudança das coisas proclamada:
só a terra de fértil não vê dia,
que só a água em mágoa vê mudada.
Aqui, de malogradas esperanças,
vive o povo sem crença em tais mudanças,
no fecundo milagre dessa guerra
— que, estando a Natureza em guerra tanta,
nĂŁo nos transforma a chuva o pranto em planta,
e mais se chore, Ă© mais salgada a terra!