Poemas sobre Mal de António Serrão de Castro

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Poemas de mal de António Serrão de Castro. Leia este e outros poemas de António Serrão de Castro em Poetris.

Na Arca Aberta, o Justo Peca

Na arca aberta o justo peca,
não em canastra fechada;
mas vós da minha coitada
fechada a fazeis caneca:
vindes lá de seca e meca
com tal pressa e furor tal,
que fazeis, para meu mal,
com mau termo e ruim modo,
do meu queijo lama e lodo,
e do meu pão cinza e sal.

Quando as peras me levais,
então para peras levo,
pois vos pago o que não devo,
e vós rindo vos ficais:
se pêra flamenga achais
a comeis em português,
e me fazeis d’essa vez,
com estrondo e com arenga,
os narizes á flamenga
muito mal em que me pez.

Não vos escapam por pés
minhas cerejas bicais,
nem as ginjas garrafais,
se as tenho alguma vez:
porque mal, em que me pez,
como cerejas se vão
pelos pés á vossa mão
e da vossa mão á minha,
a cereja é marouvinha
as ginjas galegas são.

Passa hoje por lebre o gato,
por perdiz passa o francelho
por capão o galo velho,

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Do Mal Guardado Come o Gato

Dizem que o gato e o ladrão
leva o mal arrecadado;
mas vós do melhor guardado
na canastra lançais mão.
Porque vossos dentes são
umas mui agudas puas,
e vossas unhas gazuas,
e vós uns salteadores;
e assim vos fazeis senhores
de minhas cousas e suas.