Poemas sobre Mãos de Lupe Cotrim

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Poemas de mãos de Lupe Cotrim. Leia este e outros poemas de Lupe Cotrim em Poetris.

Ode II

Na curva insondável
entre a solidão e a multidão,
tomar a si e ao mundo
nas mãos,
e depois da atitude,
o claro testemunho.

Que o existir é esse instante
ousado
onde um ser incansável
depõe do seu rumo,

sem ter outra arma
e outra paixão
além da vida, esta morte
frágil.

Posse I

Ela —

Na corporificação da claridade
festejaremos nosso encontro.
Os intervalos de posse,
iluminados,
se encobrem de flores;
musgos são tessitura
desta distância breve,
desta pausa madura.

A palma das mãos
é um êxtase de frutos:
a pele se modula
nas águas transparentes
que de nós a nós
é rio consequente.

Súbito como um voo,
o estar se perturba.
Um leve toque de olhar
acusa o futuro,
onde perduramos desunidos.

O espaço concreto em nós
é tão exíguo
A manhã não satisfaz
a emergência de outro encontro;
somente a luz
projecta além
nossos corpos dourados,
nossa incrível festa.