Poemas sobre Mil de Federico GarcĂ­a Lorca

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Poemas de mil de Federico GarcĂ­a Lorca. Leia este e outros poemas de Federico GarcĂ­a Lorca em Poetris.

Gazel do Amor Imprevisto

O perfume ninguém compreendia
da escura magnĂłlia de teu ventre.
Ninguém sabia que martirizavas
entre os dentes um colibri de amor.

Mil pequenos cavalos persas dormem
na praça com luar de tua fronte,
enquanto eu enlaçava quatro noites,
inimiga da neve, a tua cinta.

Entre gesso e jasmins, o teu olhar
era um pálido ramo de sementes.
Procurei para dar-te, no meu peito,
as letras de marfim que dizem sempre,

sempre, sempre; jardim em que agonizo,
teu corpo fugitivo para sempre,
teu sangue arterial em minha boca,
tua boca já sem luz para esta morte.

Tradução de Oscar Mendes

Cacida da MĂŁo ImpossĂ­vel

NĂŁo quero mais que uma mĂŁo,
mĂŁo ferida, se possĂ­vel.
NĂŁo quero mais que uma mĂŁo,
inda que passe noites mil sem cama.

Seria um lírio pálido de cal,
uma pomba atada ao meu coração,
o guarda que na noite do meu trânsito
de todo vetaria o acesso Ă  lua.

NĂŁo quero mais que essa mĂŁo
para os diários óleos e a mortalha de minha agonia.
NĂŁo quero mais que essa mĂŁo
para de minha morte ter uma asa.

Tudo mais passa.
Rubor sem nome mais, astro perpétuo.
O demais Ă© o outro; vento triste
enquanto as folhas fogem debandadas.

Tradução de Oscar Mendes